Vargr é HQ com James Bond em sua melhor forma

Carlos Bazela

São vinte e quatro filmes, catorze jogos de vídeogame, diversos livros publicados. Desde que apareceu pela primeira vez no romance “Cassino Royale”, do escritor inglês Ian Flemming, é difícil de imaginar uma mídia na cultura pop na qual James Bond, vulgo agente 007 ainda não tenha aparecido. Até em um desenho animado intitulado James Bond Jr., com seu suposto sobrinho adolescente, ele chegou a marcar presença nos anos 1990.

Em 2016, o famoso roteirista de Warren Ellis se juntou ao desenhista Jason Masters para criar a sua versão do espião mais famoso do mundo na nona arte pela editora Dynamite. O resultado é Vargr, uma minissérie que, para a felicidade dos leitores brasileiros, chegou aqui no ano seguinte. em um encadernado de capa dura publicado pela Mythos Editora.

A história começa com Bond em uma missão em Helsinque para vingar a morte de seu amigo, o agente 008. De volta ao Reino Unido, cabe a ele assumir alguns de seus casos, incluindo uma investigação de tráfico de drogas para a Inglaterra, cuja pista inicial é um cientista sérvio especializado em próteses robóticas que opera na Alemanha.

Logo, Bond descobre que esses narcóticos são piores do que cocaína: uma substância sintética que atua como um vírus e devora o usuário por dentro. Para piorar, 007 deve agir rápido, pois ela está prestes a se transformar numa pandemia na “terra da Rainha”. Mas os vilões prometem ser um desafio e tanto. Até para as habilidades dele.

Um filme em quadrinhos

Com ritmo frenético, mas com espaço para as tradicionais cenas de espionagem – como as tratativas governamentais e trocas de informações entre agentes de países distintos –, Vargr acerta em tudo. Desde a arte, com um 007 desenhado com fisionomia levemente semelhante à do ator Sean Connery – o primeiro James Bond do cinema – até a forma de contar a história, com quadros sem diálogo para que possamos admirar os trejeitos do espião como numa cena de filme.

A figura caricata do vilão, com a clássica deformação cuja existência faz todo o sentido para a história está presente. Assim como a relação de quase dependência entre Bond e sua pistola Walther P99, com o upgrade de uma bala que se fragmenta ao atingir o alvo, recebida do bom e velho Q. Mais do que um motivo para mostrar o braço direito técnico do agente na HQ, a munição faz as vezes de recurso narrativo, permitindo que James Bond enfrente inimigos fortemente armados com apenas uma pequena pistola.

É claro que James Bond não poderia ficar de fora do mundo dos quadrinhos! (Foto: Mythos)

Entretanto, ainda que os elementos caricatos da mitologia do personagem estejam lá, o Bond de Ellis e Masters tem um tipo diferente de sarcasmo. Ao ponto que está obstinado em completar a missão, mais por motivos pessoais do que pelo que seus superiores, ele questiona seu papel no jogo político da espionagem atual. Um ceticismo que torna Bond alinhado aos dias de hoje, sem deixar de pagar tributo às antigas aventuras de 007, numa boa experiência para o leitor.

Outro ponto interessante do quadrinho é como os personagens do universo do Bond são tratados apenas como títulos, então podem ser de qualquer etnia ou sexo.

Bond nos gibis

Vargr não é a primeira encarnação do 007 nos quadrinhos, pois, saíram algumas tiras de jornal na década de 1950 e outros títulos ao longo dos anos pelas editoras Eclipse Comics e Dark Horse. Nos anos 1980 ocorreram até adaptações dos filmes 007 Somente para Seus Olhos e 007 Contra Octopussy, publicadas pela Marvel.

O volume de Warren Ellis e Jason Masters também não foi o único. Um segundo arco chamado Eidolon saiu lá fora, mas, por enquanto, não foi publicado no Brasil.

James Bond – Vargr (Volume 1)

Editora: Mythos Editora
Autores: Warren Ellis (roteiro), Jason Masters (desenhos) e Guy Major (cores)
Capa: dura
Lombada: quadrada
Páginas: 180
Formato: 26 x 17 cm
Lançamento: setembro/ 2017

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