Tentativa de expandir o universo dos mutantes da Marvel na TV, The Gifted foi lançada com o intuito de apresentar um grupo de sobreviventes responsáveis por equilibrar os conflitos entre humanos e mutantes após o desaparecimento dos populares X-Men – dedicados exclusivamente às produções cinematográficas. Deste modo, a produção teve carta branca para introduzir o Serviço Sentinela, as Indústrias Trask, os Morlocks e até mesmo o chamado Círculo Interno do Clube do Inferno, todos elementos importantes dos quadrinhos.
Com uma vasta mitologia para usar e se aprofundar, o programa desenvolvido por Matt Nix (Burn Notice) optou por se concentrar nas desventuras da família Strucker, que tem os irmãos Lauren (Natalie Alyn Lind, de Gotham) e Andy (Percy Hynes White, de Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba) como portadores de grandes poderes destrutivos – especialmente quando combinados. E tal potencial chama a atenção da precária Resistência Mutante, da Força-Tarefa Antimutante, extremistas civis e, claro, do próprio Círculo Interno.

Composta por 16 episódios de 43min de duração, a 2ª temporada da atração divide os Strucker, uma vez que Lauren continua alinhada aos ideais da Resistência, enquanto Andy é seduzido pela abordagem agressiva da vilã Reeva Payge (Grace Byers, de Empire: Fama e Poder), líder do Círculo Interno. Assim, maior parte da trama foca no racha na família, que tem seu pai, Reed (Stephen Moyer, de True Blood), lidando com o despertar das suas habilidades, e sua mãe, Kate (Amy Acker, de Happy Town), desesperada em missões de campo.
Embora de forma arrastada, o enredo promove atrito ideológico até entre a Resistência, pondo Blink (Jamie Chung, de Era Uma Vez) como aliada de Erg (Michael Luwoye, de Escola de Magia), o então chefe dos Morlocks – comunidade de mutantes que, por apresentar manifestações do Gene-X em sua aparência, vive nos túneis dos esgotos de Washington (EUA) –, para descontentamento de Pássaro Trovejante (Blair Redford, de Satisfaction). O casal Eclipse (Sean Teale, de Reign) e Polaris (Emma Dumont, de Aquarius) também entra em colisão.

Com o nascimento de Dawn, Eclipse e Polaris refletem sobre qual o tipo de pais querem ser e sobre como pretendem preparar o mundo para o crescimento da pequena, o que faz cada um caminhar por trilhas completamente opostas. No entanto, talvez o arco mais interessante esteja com Jace Turner (Coby Bell, de The Game), ex-agente do Força-Tarefa Antimutante, que se junta aos Purificadores – extremistas municiados pelo apresentador de TV Benedict Ryan (Peter Gallagher, de Covert Affairs). Turner passa a questionar a moralidade de suas ações.
Em uma temporada repleta de atrações, The Gifted mostrou limitações na construção do roteiro e seus personagens, entregando uma experiência bastante rasa que não corresponde ao enorme repertório disponibilizado pela Marvel à produção do assinada pelo Canal FOX. Deste modo, seu cancelamento foi inevitável.