Sempre Em Frente: um drama apaixonante e comovente

Isabelly Lima
Sempre Em Frente: um drama apaixonante e comovente

Depois do grande sucesso de Coringa (2019), muito se esperava de Joaquin Phoenix depois do Oscar de melhor ator, mas ninguém imaginava que seu próximo papel seria totalmente contrário ao do anti-herói e traria um personagem doce, complexo e com complicações do dia a dia. Com lançamento previsto para o dia 10 de fevereiro, Sempre Em Frente é a nova aposta do diretor e roteirista Mike Mills (Toda Forma de Amor), com distribuição pela Diamond Films.

A trama conta a história de Johnny (Phoenix), um jornalista de rádio que está produzindo um trabalho com crianças de todo país, perguntando sobre o futuro e suas expectativas quanto a isso. Porém, esse contato com as crianças vai um pouco além quando o protagonista se vê na situação de ter que cuidar de seu sobrinho Jesse (Woody Norman, de Troia: A Queda de Uma Cidade), de 9 anos, após sua irmã Viv (Gaby Hoffmann, de Transparent) precisar ir cuidar do marido que sofre de problemas psicológicos.

Uma super criança

Estamos falando de poderes? Não! Mas, sim, de uma criança super curiosa e esperta para o mundo. Assim é o personagem Jesse, que podemos considerar o grande destaque do filme, pois sua atuação é ótima, digna de um ator adulto e consagrado de Hollywood. Com muito sentimentalismo, podemos ver o menino se revelando ao tio, ganhando mais proximidade e criando um afeto real com ele. A complexidade dessa relação é vista na missão de Johnny de tornar os momentos com o sobrinho um pouco mais leves e prazerosos, já que o garoto está passando por um período delicado em casa, em virtude da saúde do pai e os efeitos que isso causa, ao mesmo tempo em que o personagem de Phoenix encara dificuldades em sua vida pessoal.

Toda a esperteza da criança é mostrada ao público de maneira sutil, assim como suas emoções. O longa em si retrata muito bem as diferentes formas de expressar sentimentos e opiniões, em todas as fases da vida. No caso de Johnny, vemos que ele utiliza do mecanismo de defesa mais clássico, o silêncio, já Jesse cria um alter ego, o de um menino órfão que visita sua casa todas as noites, encontrando assim um modo de desabafar sem assumir culpa.

Uma curiosidade é que as crianças entrevistadas por Johnny e sua equipe durante o filme não são atores, são crianças e jovens comuns dando suas opiniões sobre o mundo em que vivem e sobre o futuro. Cabe então dizermos que Mike Mills merece os parabéns ao encaixar e moldar o roteiro em cima também de algumas das falas desses entrevistados.

Drama do começo ao fim

A obra é cativante pelo seu cuidado e proximidade com assuntos da realidade, além do enredo tocante, o diretor utilizou de fatores considerados “apelativos” para dramatizar ainda mais o filme. A sonoplastia melancólica é um tempero a mais na narrativa que envolve a dupla mais emocionante e padronizada dos filmes de drama, um adulto e uma criança. E, claro, temos o grande clichê campeão, o preto e branco, já que o filme é inteiro nesse estilo (mas é possível também associar isso ao humor e sentimentos dos personagens).

Embora o título não tenha sido indicado ao Oscar, o ator mirim Woody Norman, que quase deixou Phoenix no papel de co-protagonista – principalmente por sua atuação ser muito parecida ao que vimos em Her (2013) – traz uma performance com nível para concorrer em premiações do setor.

Sempre Em Frente é um ótimo filme para se emocionar e sair do cinema com aquela sensação de que a vida pode ser bela. Talvez bata até aquela vontade de ligar para algum parente (ou não).

Next Post

Exorcismo Sagrado explora tudo que o terror tem a oferecer

Filmes de terror são sempre superestimados, pelos sustos, pelas inovações e pelos contextos em que são inseridos, mas também é preciso lembrar que um dos fatores que mais agradam o público nesse gênero é a relação de “bem x mal”, principalmente envolvendo tópicos religiosos. Exorcismo Sagrado é mais um desses […]
Exorcismo Sagrado explora tudo que o terror tem a oferecer