Paper Girls é “sessão da tarde” em HQ

Carlos Bazela

Paper Girls começa em um ponto específico no tempo: a manhã pós Halloween de 1988, na cidade de Stony Stream, Ohio. Ou, como as entregadoras do The Preserver, KJ, MacKenzie Coyle, Tiffany Quilkin e a novata, Erin Tieng, chamam, a “Manhã dos Infernos”, dada a quantidade de malucos, bêbados e arruaceiros que, ao contrário das crianças, ainda não foram para casa.

Tirando Erin, as outras são experientes em pedalar pela vizinhança antes do sol nascer para arremessar as notícias aos assinantes do jornal local. E, todo ano, escolhem se encontrar para realizar as entregas juntas para ficarem longe de situações desagradáveis.

Mas, evitar problemas é praticamente impossível para as quatro meninas depois que um grupo de indivíduos encapuzados rouba um dos walkie talkies de Tiff. Seguindo o bando até o porão de uma casa abandonada, elas acabam topando com um estranho artefato que as lança por uma aventura pelo tempo e espaço.

Contudo, sendo um quadrinho de Brian K. Vaughan (Y – O último Homem) – com a bela arte de Cliff Chiang e cores de Matt Wilson – você pode esperar de tudo, menos uma história infantil. Logo, as quatro descobrem que foram pegas no fogo cruzado de uma guerra temporal, na qual soldados armados que cavalgam pterodátilos invadem eras antigas para destruir ameaças ao fluxo do tempo a mando de um homem chamado “Grande Pai” e, o artefato no porão os trouxe precisamente para Stony Stream.

Do outro lado do conflito, adolescentes com implantes cibernéticos vasculham a linha do tempo em busca de qualquer dispositivo eletrônico que confira alguma vantagem para sair da mira dos “velhotes” em qualquer época que seja.

Eras em conflito

Com a história focada no relacionamento das entregadoras, a obra traz desde os clichês que se espera de uma trama de viagem no tempo, com o quarteto de protagonistas descobrindo segredos umas das outras e interações com suas versões futuras, até pontos completamente impensáveis, como combates contra monstros dimensionais e robôs gigantes.

Entretanto, mais que a ficção científica, o quadrinho brilha mesmo nas reflexões sobre a vida, a morte e a visão simples de mundo das meninas de 12 anos, quando comparadas com suas contrapartes mais velhas.

Com a viagem no tempo como metáfora desse conflito de gerações, Paper Girls entrega uma narrativa interessante sobre amizade e amadurecimento num ritmo excelente que, mesmo dividida em 6 volumes – publicados pela Devir –, não cansa o leitor, deixando ótimos ganchos deixados entre um e outro.

Além disso, a história, no melhor estilo filme da Sessão da Tarde, no qual adolescentes se veem sozinhas em meio a uma aventura fantástica, tem personagens cativantes, que fazem quem está lendo torcer para que nada aconteça com nenhuma das meninas na busca pelo caminho de volta para casa.

E se Paper Girls parece algo que saltou da tela da TV, o quadrinho está prestes a fazer o caminho inverso e virar série pelo Amazon Prime Video. Mas, ainda não há uma data de estreia confirmada.

Next Post

Eternos muda tudo para a Marvel nos cinemas

Disponível no Disney+ desde janeiro, Eternos, longa da Marvel dirigido por Chloé Zhao (Nomadland), que também assina o roteiro com Patrick Burleigh, Ryan Firpo e Kaz Firpo, conseguiu o que nenhum outro da Casa das Ideias havia feito até o momento: dividir as opiniões dos fãs. E, ainda que seja […]
Eternos muda tudo para a Marvel nos cinemas