Oblivion Song apresenta nova dimensão para boas histórias

Carlos Bazela

Em Oblivion Song, HQ publicada pela editora Intrínseca, os Estados Unidos precisam lidar com os traumas de um evento conhecido como A Transferência. Há 10 anos, de forma aparentemente inexplicável, parte da Filadélfia, incluindo 300 mil habitantes, trocou de lugar com uma outra dimensão, cheia de monstros horripilantes.

Enquanto as criaturas espalhavam terror no nosso mundo, as pessoas que foram para lá tentam sobreviver no mundo delas. O caos durou dias até ser contido pelos militares e quem foi transportado parecia estar perdido para sempre. Até que o cientista Nathan Cole descobriu como acessar a dimensão batizada de Oblivion. O local, caracterizado por um som assustador, que ficou conhecido como Canção do Silêncio, passou a receber incursões constantes da equipe de Cole para trazer sobreviventes de volta para casa.

Até que eles pararam de ser encontrados e os fundos para a pesquisa do rapaz foram cortados. Isso antes de ele encontrar seu irmão Edward. Ao passo que o país procura se curar do acontecimento, com museus e memoriais próximos do deserto que se formou na região afetada, Nathan Cole continuou as buscas por conta própria com equipamentos improvisados e parece ter finalmente uma pista de seu irmão perdido. Mas, trazer Ed de volta pode complicar ainda mais as coisas. Para todo mundo.

Uma história sobre pessoas

Oblivion Song tem arte de Lorenzo de Felici, cores de Annalisa Leoni e o roteiro de Robert Kirkman, a mesma mente por trás do gibi de The Walking Dead, que deu origem à série de TV. Aqui, o autor mostra sua maestria em trabalhar com múltiplos personagens profundos e humanos, fazendo com que o leitor se identifique com as motivações dos vilões e dando espaço para os heróis serem falhos e cometerem erros – até grandes demais.

E isso faz com que um plot simples e já explorado pela ficção científica de diversas maneiras ganhe um olhar realmente novo. Ou melhor, vários. O quadrinho aborda o estresse pós-traumático de quem deixou os dias de sobrevivente para trás e doses de fundamentalismo religioso entre os que acreditam que a tal dimensão é uma “amostra grátis” do inferno e quem voltou está de pacto com o diabo.

E ainda encontra espaço para questionar o modo de vida de nossa sociedade e o porquê dele criar tantos párias, tantas pessoas que não se encaixam. No fim das contas, viver em Oblivion não seria mais simples e melhor? Tudo isso sem deixar de lado a parte científica da história, trazendo perguntas e explicações que viram a trama de cabeça para baixo, enquanto mostram um pouco mais dos segredos que o outro lado esconde e que vão muito além dos monstros.

Ainda em publicação

Por enquanto, a Intrínseca trouxe dois volumes da trama da Image Comics para cá em formato de encadernado, com as 12 primeiras edições da obra. Contudo, já temos até o volume 5 (que reúne do número 25 ao número 30) confirmado para sair nos EUA em fevereiro do ano que vem.

E ainda não se sabe se ele será o último, o que é ótimo. Afinal, Oblivion Song oferece um leque de possibilidades para ser explorado no futuro em uma série longeva, sem comprometer o interesse do público.

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