Nesta semana, o filme O Juiz (1995), primeira adaptação do controverso personagem Juiz Dredd para os cinemas completou 25 anos de sua estreia nos Estados Unidos. Como eram outros tempos, o filme só foi aportar nos cinemas brasileiros três meses depois. Olhando para trás, o longa é considerado uma bela bomba pelos fãs do personagem, por conta da forma como retratou o juiz de Mega City Um. Mas, na época, teve status de blockbuster.
Pudera, com Sylvester Stallone (das franquias Rocky e Rambo) no auge da forma liderando o elenco no papel principal e um sisudo Armand Assante (O Gângster) como Rico, seu antagonista, o longa dirigido por Danny Cannon (Eu Ainda Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado) foi bastante aclamado pelos efeitos especiais e a atmosfera futurista cyberpunk, que lembrava bem a primeira versão de O Vingador do Futuro (1990).
A arrecadação, entretanto, mostrou que a coisa não foi bem assim. De acordo com o IMDB, o filme teve custo estimado de 90 milhões de dólares e se pagou por pouco, batendo 113,5 milhões pelo mundo, enquanto ficou em cartaz.
Mas, tirando a questão da bilheteria, O Juiz foi um filme bom para o seu tempo e que só envelheceu mal por conta das ótimas adaptações que vieram depois? Mais ou menos.
Erros e acertos
No visual, O Juiz não faz feio, mostrando que boa parte do dinheiro da produção, investido nos efeitos visuais, nas máquinas futuristas e no figurino, foi bem gasta. O design do uniforme dos juízes trazia muito dos quadrinhos, como as ombreiras enormes e a arma falante Lawgiver – um dos maiores acertos da produção, assim como a moto Lawmaster. Ainda que, nos gibis, tenha um estilo completamente diferente e não voe.
O guarda-costas robô de Rico também é bem reproduzido e Assante não decepciona como o ex-juiz psicopata “irmão” de Dredd. O mesmo vale para Diane Lane (Martha Kent, de Batman vs. Superman: A Origem da Justiça), que interpreta a Juíza Hershey, outra figura importantíssima no cânone do personagem. A incursão de Dredd pela Terra Maldita, fora dos muros da cidade, e seu encontro com os mutantes é outro acerto da produção.
Mas as boas sacadas param por aí. O fato do Juiz Dredd não ser tão conhecido como hoje no Brasil pode ter impedido até críticas mais ferrenhas, que não passaram despercebidas lá fora. E uma delas é a performance do próprio Stallone, que passa praticamente todo o filme sem o capacete, que no gibi sempre está na cabeça do personagem.
Já Fergie, personagem de Rob Schneider (A Missy Errada), funciona bem como alívio cômico pelo carisma do ator. Mas, seu tempo de tela e importância exagerada na trama acabam cansando.
Colcha de retalhos
A história escrita pela dupla Michael De Luca e William Wisher, com este segundo também assinando o roteiro ao lado de Steven E. De Souza, é outro problema, pois atende o pedido de Stallone sobre o capacete, mas deixa bem pouco de Dredd em cena ao mandar o personagem para uma prisão.
O restante é uma colcha de retalhos com elementos dos quadrinhos: temos clonagem, assassinato de juízes de rua e o robô que é herança das guerras pregressas daquele mundo pós-apocalíptico. Tudo junto, sendo que cada um deles, por si só, já daria uma ótima história se desenvolvida da maneira certa.
No final, O Juiz é só mais um filme de ação do Stallone, quando poderia ter sido a chance do mundo todo conhecer uma das melhores criações dos quadrinhos ingleses. O Juiz Dredd tem algumas das histórias mais loucas e criativas das HQs, incluindo até crossovers com Aliens e Predadores.
Já em 2012, foi a vez do ótimo Karl Urban (The Boys) dizer “Eu sou A Lei!” e dar vida ao personagem. Mas, isso é assunto para outro texto.