Série original Netflix, a produção nacional O Escolhido teve sua segunda temporada lançada em 6 de dezembro de 2019 no catálogo do serviço de streaming. Com apenas 6 episódios de aproximadamente 45min, a adaptação da mexicana “Niño Santo” novamente volta suas atenções para os mistérios da pequena comunidade chamada Aguazul, na região do Pantanal. Desenvolvida por Michel Tikhomiroff (Rio Heroes) e Max Calligaris (Psi), a atração usa suspense sobrenatural para explorar os limites da ciência e da fé em uma trama cativante.
Baseada no roteiro de Pedro Peirano e Mauricio Katz, a narrativa escrita por Carolina Munhóz (Cidade Invisível), Raphael Draccon (Supermax) e Pablo Cruz (Fear the Walking Dead) se passa 6 meses depois dos eventos da 1ª temporada de O Escolhido. Com isso, a médica Lúcia Santeiro (Paloma Bernardi, de Salve Jorge) se vê obrigada a retornar para Aguazul, após ter sido contaminada pelo Dr. Enzo Vergani (Gutto Szuster, de Mulheres Alteradas) – que deseja a qualquer custo entender as propriedades curativas do Escolhido (Renan Tenca, de 3%).

Porém, ao abrir as portas de Aguazul para visitantes, o Escolhido mostra-se enfraquecido, especialmente pela ausência da sacerdotisa Angelina (Alli Willow, de Bacurau), que atua como sua “vida” e lhe fornece transfusões de sangue. Diante deste cenário, o seriado libera caminho para abordar a mitologia que vem sendo construída. Sendo assim, enquanto o Escolhido tenta se reerguer, sua contraparte, o Serpente (Tenca) passa a investir contra Aguazul, causando terror entre os habitantes do vilarejo e lançando dúvidas sobre a onipotência de seu líder.
Apesar da boa iniciativa, o programa tem dificuldades para dar ao público uma noção básica sobre como tudo funciona, tornando os eventos posteriores um tanto confusos e com uma sensação de aleatoriedade. Para desbravar os detalhes desse folclore pantaneiro, o título escala a jornalista Eva (Giselle Itié, de Os Mercenários), que investiga o lugar de cura assim como seu enigmático profeta, na tentativa de esclarecer o que é verdade e mito. Aliás, é com a personagem que se tem um pouco de contextualização sobre o que ocorre na cidadezinha.

Deixando ganho para uma renovação, a 2ª temporada de O Escolhido lança algumas luzes sobre os mistérios Aguazul, mas também traz caos para a suposta ordem até então estabelecida, ao brincar com os conceitos de bem e mal e por colocar em xeque a morte. Destaque para a figura de Damião (Pedro Caetano, de Luz do Sol), que transita entre o senso de cuidado de médico e a capacidade de acreditar no explicável, algo digno de legítimo seguidor do Escolhido.