Há quem tenha conhecido este título pela série estrelada por Daniel Brühl (Falcão e o Soldado Invernal) na Netflix – com 2 temporadas disponíveis –, porém, “O alienista” é uma obra-prima assinada pelo escritor brasileiro Machado de Assis. E, na nova publicação da Companhia das Letras, pelo selo Quadrinhos na Cia., os quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá dão forma e cor para a história que mistura sátira política e uma crítica aos costumes do Segundo Reinado.
Com 72 páginas, o livro em acabamento de brochura reconta a jornada do renomado médico Simão Bacamarte, homem frio e impenetrável. Decidido a investigar os transtornos psíquicos dos habitantes de Itaguaí (RJ), sua cidade natal, o personagem funda a chamada Casa Verde, um típico hospício oitocentista em que coloca cobaias humanas para seus experimentos. Contudo, neste momento experimental, como saber a diferença entre razão e loucura?
Neste debate sobre desvios e normalidade, a história em quadrinhos de O alienista se propõe a manter o máximo do texto original (com toda sua densidade e os maneirismos da época), publicado em 1882.
Maluco, beleza?
No desenvolver do enredo, é curiosa a forma como vão mudando os parâmetros de Bacamarte para identificar os “loucos”. De pessoas muito criativas e românticas às mais racionais e equilibradas, todos acabam passando pela mira do médico, variando entre cada momento. No meio disso, é possível ver que o núcleo político local “dança conforme a música” para evitar atritos com os populares revoltosos e o cientista de comportamento tirano.
Um cenário de total confusão que, apesar de tudo, parece longe de estar datado.