Lupin: série conquista com protagonista frio, calculista e necessário

Lupin: série conquista com protagonista frio, calculista e necessário

Com a estreia de sua primeira parte em 8 de janeiro, a série Lupin dominou as listas de mais assistidos da Netflix. Produção francesa, o programa tem como inspiração Arsene Lupin, o Ladrão de Casaca, criado pelo escritor Maurice Leblanc para uma coletânea de 9 contos, iniciada em 1907. No streaming, por sua vez, o título acerta ao construir suas tramas nos dias de hoje, com temas contemporâneos e um protagonista frio, calculista e muito cativante.

Em 5 episódios de aproximadamente 42 minutos de duração, Lupin nos apresenta ao vigarista Assane Diop (Omar Sy, de Intocáveis), que tenta desvendar a conspiração que sentenciou o destino de seu pai, o motorista Babakar (Fargass Assandé, de L’oeil du cyclone), há 25 anos, quando o precioso colar da rainha, em posse da rica família Pellegrini, foi dado como roubado. Para solucionar o caso, Assane deve as habilidades que aprendeu com os livros de Lupin.

Racismo estrutural em debate

Para se infiltrar nas camadas mais altas da sociedade, o que inclui um leilão no Louvre, o protagonista se disfarça como profissionais de limpeza e entregas, que infelizmente recebem menos atenção da sociedade. Assim, ele utiliza esse desfavorecimento das classes operárias como um ponto de vantagem para agir sem ter sua identidade revelada. Porém, o personagem faz questão de se posicionar quando sente preconceito sobre a cor de sua pele e etnia.

No núcleo vilanesco, o racismo é visto nas ações de Hubert Pellegrini (Hervé Pierre, de O Diário de Uma Camareira), que demonstra desprezo por Babakar e o aponta como principal suspeito pelo sumiço da joia sem pestanejar. Enquanto isso, em flashbacks, a esposa de Pellegrini, Anne (Nicole Garcia, de Quem Você Pensa que Sou) faz vistas grossas para os terríveis feitos do marido, à medida que oferece falsa complacência ao jovem Assane.

Alegria, ousadia e inteligência

Como um Robin Hood, Assane é desenvolvido de forma que não acaba visto como um ladrão simples ou compulsivo, mas sim alguém que escolhe seus alvos com algum senso de justiça imbuído. Assim, ele tem prazer em enganar e provocar autoridades, racistas e policiais corruptos, além dos capangas de Pellegrini. E, enquanto exercita diversas técnicas de disfarce e furto, o personagem ainda tem estampado no rosto um grande sorriso, que lhe confere simpatia.

Criada por George Kay (Criminal: Reino Unido) e François Uzan (Flagrantes de Família), a produção ainda torna as coisas mais pessoais, explorando a família constituída por Assane, mostrando sua influência sobre o filho Raoul (Etan Simon, estreante) e as tentativas de reconquistar ex-mulher, Claire (Ludivine Sagnier, de Nunca é Cedo para Amar). E esse laço familiar é que dá uma graça a mais à trama, assim como o gancho para sua parte final…

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