LudoSport: treinamos no esporte real que usa sabres de luz

Carlos Bazela
LudoSport: treinamos no esporte real que usa sabres de luz

Se em Star Wars é na República onde os Cavaleiros Jedi se reuniam e treinavam seus Padawans na proficiência com os sabres de luz, no mundo real, o bairro paulistano de mesmo nome oferece experiência semelhante. Estamos falando do LudoSport, modalidade de luta com sabres de luz que está ganhando cada vez mais adeptos ao redor do mundo, cujas aulas acontecem na Associação Paulista de Esgrima (na Rua Araújo, 154, 1º andar).

Mas, o que esperar de uma aula prática? Fomos conferir e, guiados pelo mestre Luís Felipe Assis, de 43 anos, demos nossos primeiros passos no esporte que vai muito além de coreografias com bastões brilhantes.

Tudo e nada de Star Wars

Para começar, quem chega para um treino teste e imagina que vai encontrar pôsteres de Luke Skywalker e Darth Vader, logo percebe que não é o caso. Os cartazes e materiais deixam claro que o LudoSport não usa quaisquer nomenclaturas ligadas aos filmes da Lucasfilm, cuja Disney é a atual proprietária. Entretanto, a vestimenta do mestre Luís Felipe traz similaridade com os mantos usados pelos Jedi – contudo, em tecido esportivo e mais funcional.

Não é obrigatório para treinar, mas para quem quiser, o traje sai em torno de R$ 200”, conta ele. O valor, aliás, é bem em conta se comparado com o equipamento utilizado para praticar esgrima, o qual mais se aproxima o LudoSport. Já os sabres, feitos em alumínio e policarbonato especialmente para a prática, trazem sensores para reproduzir a luz e os sons dos sabres dos filmes e são importados da Itália. O preço? Em média R$ 1.000,00 cada.

Mas, não é necessário adquirir nada de início. “Nós temos aqui a quantidade suficiente de sabres para quem quiser conhecer o esporte e treinar com a gente”, afirma Assis, que tem trabalhado para a divulgação da modalidade no Brasil. “Estamos agora em busca de patrocínio para participar do torneio mundial”, diz.

O mestre ainda conta que vem procurando meios de baratear o esporte para torná-lo ainda mais acessível. “As luvas que nós usamos, por exemplo, são caras porque vêm da Itália. Tenho procurado alternativas que ofereçam a mesma proteção, principalmente no polegar. Só não pode aquelas de motociclista, que são muito duras”, brinca.

Começando o treino

Se teve algo que ficou claro naquela tarde de sábado foi que fazer uma aula de LudoSport não é brincar de Jedi e Sith. “A gente faz o alongamento, um aquecimento, aí tem um sparring e para terminar, uma meditação, que ajuda a acalmar e é bom para quem tem ansiedade”, detalha o mestre. O aquecimento, inclusive, tem poucos minutos de corrida ao redor da sala, sempre feita respeitando os limites dos alunos, mas suficiente para esquentar o sangue e colocar todo mundo no clima de uma atividade física.

Depois, são dadas as primeiras noções de espaço e movimentação em uma verdadeira aula de italiano. Sim, o LudoSport surgiu no país europeu e seus termos, como acontece em diversas outras lutas, se mantém no idioma original. Por isso, “guardia”, “levante” e “distanza” foram palavras que ouvimos muito.

Oh” e “Ih” são outros dos termos exclusivos e que indicam a pontuação. Golpes mais bem encaixados – mais próximos do tronco e cabeça, por exemplo – são sinalizados pelo atleta que leva com o primeiro termo. Já “Ih” indica um desarme momentâneo, no qual o espadachim fica de guarda baixa por pouco tempo.

É o próprio atleta que sinaliza. Os árbitros, nas competições, sinalizam, mas se quem está lutando leva e não fala nada, ele pode ser banido da luta”, explica Luís Felipe, sobre o “acordo de cavalheiros” que faz parte do esporte.

Com o sabre em punho

Ao aprender os primeiros movimentos da Forma 1, na qual o espadachim se posiciona como um samurai, com um pé na frente, outro atrás e ambas as mãos segurando o sabre, fomos capazes de entender melhor a dinâmica dos ataques, da defesa e ver como o LudoSport exige concentração entre os duelistas.

No treino, inclusive, também tivemos contato com a Forma 2, na qual o lutador fica de lado e maneja o sabre a maior parte do tempo com uma das mãos, em uma postura semelhante à esgrima ou a técnica do Conde Dookan. “Sou instrutor certificado da Forma 1 e também atleta da Forma 2”, comenta Assis, dizendo que muitos workshops são ministrados por experts europeus.

Divertido e funcional

Depois de algumas horas de treino, incluindo um sparring livre, a sensação que fica é que duelar com um sabre de luz é tão divertido quanto se esperava que fosse. Mas, pode ser tão funcional quanto um esporte pode ser.

Vale comentar também que qualquer trabalho físico paralelo é encorajado – e, dependendo do seu nível de sedentarismo, necessário. Afinal, levantar os 500g (que podem chegar a 700g) do sabre nas diversas repetições para pegar os movimentos básicos fica um pouco cansativo para quem não tem o hábito de se mexer no dia a dia. Mas nada que atrapalhe a diversão da aula.

No mais, incentivamos qualquer um apaixonado por artes marciais e Star Wars (ou por ambos) que envie uma mensagem no Instagram da academia e marcar uma aula teste, uma vez que o LudoSport reúne os elementos ideais para trabalhar corpo e mente tão bem quanto uma doutrina Jedi poderia fazer, se adaptada ao mundo real.

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