Locke & Key: 1ª temporada investe em trama macabra sobre medo e luto

A cada trauma e decepção que sofremos, é comum nos fecharmos um pouco mais para mundo ao nosso redor. Especialmente quando se é criança ou adolescente. Adaptação do quadrinho escrito por Joe Hill e ilustrado por Gabriel Rodriguez, a série Locke & Key aborda os efeitos do luto, solidão e do medo em três irmãos que, depois da morte de seu pai, passam a viver uma fantástica e sombria aventura. Com apenas 10 episódios de aproximadamente 50 minutos, o programa aposta numa trama macabra e emocional para fugir do óbvio no gênero teen.

Criada por Meredith Averill (A Maldição da Residência Hill), Aron Eli Coleite (Daybreak) e Carlton Cuse (Lost), a atração segue a difícil jornada da família Locke – que se muda para a pacata cidade de Matheson, em Massachusetts, depois do brutal assassinato de seu patriarca, Rendell (Bill Heck, de O Alienista). Assim, conhecemos Tyler (Connor Jessup, de American Crime), Kinsey (Emilia Jones, de Amaldiçoada) e o Bode (Jackson Robert Scott, de It: A Coisa) tão deslocados quanto sua mãe, Nina (Darby Stanchfield, de Scandal).

Uma das chaves encontradas pelos Locke permite que a alma saia do corpo. (Foto: Christos Kalohoridis/Netflix)

A produção mostra como o trio de irmãos vai descobrindo os segredos da Keyhouse, uma propriedade folclórica que pertence aos Locke a gerações. Enquanto lidam com o sentimento de culpa e impotência diante da recente tragédia, os protagonistas começam a encontrar chaves misteriosas que, quando encontram a fechadura certa, podem realizar diferentes tipos de mágica. Por exemplo, há chaves que abrem portas para qualquer lugar, mudam a aparência, criam fogo, forçam as pessoas a obedecer e que literalmente abrem a mente.

Como se não bastassem seus próprios problemas e os rótulos que acabam recebendo na escola, Tyler, Kinsey e Bode percebem que há uma boa razão para os itens mágicos ficarem escondidos: mais alguém os deseja com objetivos nefastos. Apresentada como um eco de um poço abandonado, a vilã Dodge (Laysla De Oliveira, de Campo do Medo) logo surge como uma ameaça aos garotos, que não podem contar com a ajuda dos adultos – que não podem se lembrar da magia das chaves. Cabe a eles, então, se unir e enfrentar a antagonista.

Intérprete de Dodge, a atriz Laysla De Oliveira tem família brasileira. (Foto: Christos Kalohoridis/Netflix)

A atração original acompanha a autodescoberta dos meninos e seu confrontamento aos sentimentos mais negativos que se pode ter. Tyler se culpa por ter desejado a morte do pai após uma discussão. Kinsey, por sua vez, remói o medo que sentiu do assassino Sam Lesser (Thomas Mitchell Barnet, de In the Dark). Já Bode carrega o peso da solidão, uma vez que pouco pode compartilhar com sua mãe. Enquanto isso, Nina encara luta contra o alcoolismo e buscar entender acontecimentos estranhos no passado do falecido marido.

Tendo estreado na Netflix em 7 de fevereiro, o programa é eficiente em criar uma atmosfera de tensão e, por vezes, de terror. Menos acelerada do que as HQs, a obra entrega revelação impactantes em seus capítulos finais – mas, para isso, segura o suspense nos episódios iniciais. Locke & Key cativa com sua mitologia própria e originalidade. Ou seja, vale a maratona.

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