Sem clichês, A Maldição da Residência Hill investe em terror psicológico

Amanda Almeida

Quando se trata de terror, confesso que não sou alguém muito adequado para falar sobre. Esse gênero não é exatamente o meu predileto e eu sou uma pessoa muito medrosa – fato que eu só criei coragem para vê-la somente agora –, porém, preciso dizer que assistir A Maldição da Residência Hill foi uma escolha acertada.

Com 10 episódios de aproximadamente 1 hora de duração, “The Haunting of Hill House” (título original) é uma série tão bem construída que se apresenta como um convite à história da família Crain, residente na a mansão Hill, considerada a casa assombrada mais famosa dos Estados Unidos – por conta de seu histórico repleto de acontecimentos assustadores.

Quando iniciei o seriado, o primeiro momento me lembrou bastante a 1ª temporada de American Horror Story, mas a construção da trama e a forma como ela é contada mudou completamente minha opinião sobre o título original Netflix. A tensão é construída a partir de uma brincadeira entre eventos do passado e presente, algo que se mantém ao longo da temporada e deixa presos à história.

A série explora o passado de seus protagonistas para explicar seus dramas e motivações. (Foto: Netflix)

Colaborando com isso está o fato de que os cinco primeiros episódios são contados através do ponto de vista de cada um dos irmãos Crain, que são: Steven (Michiel Huisman, de Game of Thrones), Shirley (Elizabeth Reaser, de Crepúsculo), Theodora (Kate Siegel, de Ouija: Origem do Mal), Luke (Oliver Jackson-Cohen, de O que de Verdade Importa) e Eleanor (Victoria Pedretti, de Era Uma Vez em… Hollywood). Aos poucos, vamos conhecendo mais sobre as experiências deles com os elementos sobrenaturais da casa e como isso afetou suas vidas adultas.

Em diálogos extensos e tempo para desenvolver os drama dos personagens, A Maldição da Residência Hill faz com que você, o telespectador, consiga se afeiçoar (ou não) a cada um deles e suas respectivas personalidades.

De boa qualidade técnica na produção das cenas e fotografia, o programa chama atenção por evitar aqueles sustos clichês e apostar em uma forma de medo mais psicológica, que não te faz gritar o tempo todo, embora te mantenha apreensivo – e isso é um diferencial enorme em títulos do gênero. O que mais me chamou atenção é a revelação de quem a “moça do pescoço torto”, devido à sequência de cortes que criativamente montam o acontecimento

A fotografia de A Maldição da Residência Hill amplia o clima de medo. (Foto: Netflix)

Outro ponto positivo é o elenco mirim – quase sempre presente em obras de terror –, mas que aqui atua com excelência e contribui para aumentar o mistério da série.

Apesar de abordar os questionamentos de cada protagonista, A Maldição da Residência Hill traz uma ideia central, que é a culpa e como somos assombrados pelo passado. Deste modo, se o medo é psicológico, a atração indica que que ele deve vencido pela mente – como visto na season finale.

Dirigido por Mike Flanagan, o seriado tem sua primeira temporada inspirada no livro homônimo de 1959 (escrito por Shirley Jackson) e até já teve continuação encomendada pelo serviço de streaming – prevista para 2020 e baseada em “The Turn of the Screw”, publicada por  Henry James –, com o retorno dos principais nomes do elenco.

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