Judas e o Messias Negro é drama pesado e necessário

Judas e o Messias Negro é drama pesado e necessário

No ano passado, em Minneapolis (EUA), multidões tomaram as ruas para protestar a morte de George Floyd, vítima de violência policial. Ainda em 2020, em Porto Alegre, João Alberto Freitas foi fatalmente atacado por seguranças de uma rede de mercados. O sofrimento da comunidade negra é um problema antigo, lamentavelmente. Com estreia na quinta (25), Judas e o Messias Negro conta a história trágica de quem lutou pela importância das vidas negras.

Com direção de Shaka King (People of Earth) e produção de Ryan Coogler (Pantera Negra), a obra que chega aos cinemas com distribuição da Warner Bros. Pictures retrata o drama biográfico do jovem ativista Fred Hampton (Daniel Kaluuya, de Corra!), orador integrante do Partido Panteras Negras, morto em 1969 com apenas 21 anos. Baseado em eventos reais, o longa, porém, também acompanha a jornada de uma figura nada grata ao movimento.

O impostor

Em suas 2h06 de duração, o filme indicado a dois Globos de Ouro se concentra em Bill O’Neal (LaKeith Stanfield, de Desculpe te Incomodar), que entra para os Panteras, mas atuando como um informante do agente Roy Mitchell (Jesse Plemons, de O Irlandês), do FBI. À medida que tenta pagar sua dívida com a lei em um acordo escuso, O’Neal progride dentro do movimento, conhecendo seus ideais e trabalhos feitos pela dignidade da população afro-americana.

Assim, enquanto mostra a cruzada de Hampton para unir diversos grupos de minorias na cidade de Chicago e toda a perseguição que o grupo sofre pelas mãos da polícia, o título consegue dar profundidade à vilania de O’Neal, colocando-o diante de decisões complexas, relações de respeito com outros membros e benfeitorias realizadas ao grupo. Mesmo sendo caminho difícil, a abordagem torna o personagem alguém errático, mas perto da realidade.

Méritos

De peso histórico e responsável por propor reflexões extremamente atuais, Judas e o Messias Negro choca pela violência em cenas de abuso policial e oferece discursos empolgados que incendeiam a batalha por igualdade de direitos e fim do fascismo. Aliás, o impacto do longa muito se deve a Daniel Kaluuya em atuação soberba, completamente entregue ao papel. Com tudo isso, a produção se faz um lançamento necessário pela temática e recomendado pela qualidade.

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