Invasão Secreta: clássico de espionagem e sci-fi

Imagine viver em um mundo onde não é possível confiar em nada nem ninguém. Onde aparências e sentimentos são emulados em prol da alienação da sociedade em todas as suas camadas. Bem, você pode dizer que há certas semelhanças com o mundo real atual – aliás, é um paralelo que traça a nova série em exibição no Disney+… Mas, lá em 2008, foi este o cenário que Brian Michael Bendis imaginou para os personagens da Marvel em Invasão Secreta.

Dividida em 8 partes, a narrativa tem início quando o cadáver de Elektra é encontrado. No entanto, quando a ninja assassina dá seu último suspiro, seu corpo muda para a tonalidade verde e com orelhas pontiagudas – ou seja, um alienígena skrull. A constatação de que as fileiras de heróis, anti-heróis e vilões foram infiltradas pelos transmorfos leva Tony Stark, então no comando da S.H.I.E.L.D., a investigar essa invasão secreta ao planeta Terra.

Acontece que, quando um suposto aliado por não ser quem aparenta, as relações se estremecem. Com isso, os Vingadores decidem trabalhar juntos, mas sempre com uma pulga atrás da orelha (e com razão). Ao seu lado, Stark conta com Capitã Marvel, Viúva Negra, Sentinela, Magnum e Mulher-Aranha. Paralelamente, os Vingadores Secretos – com Luke Cage, Homem-Aranha (Peter Parker), Eco, Punho de Ferro, Ronin (Clint Barton) e Wolverine- seguem a trilha dos skrulls.

Batalha campal na Terra Selvagem

O roteiro ganha pontos ao fugir do óbvio, porque a invasão mostrada não está em andamento – ela já aconteceu. Na prática, os extraterrestes desenvolveram seus planos por um longo tempo, alcançando postos entre governos, grupos de super-heróis, sendo capazes de derrubar toda a comunicação do planeta. Como parte deste plano também está a incapacitação das mentes mais brilhantes da Terra, o que torna o Homem de Ferro e Reed Richards suas primeiras vítimas.

Se quem poderia criar soluções para identificar os invasores fica fora de combate, cabe aos defensores terráqueos menos brilhantes a responsabilidade de encarar o poderia do Império Skrull. Na Terra Selvagem, palco dos primeiros conflitos, a narrativa brinca com o leitor ao colocar duplicatas dos heróis para confundir a cabeça de todo mundo. Dessa forma, a pergunta “em quem você confia?” dá a tônica de cada página, sendo levada ao pé da letra até o último ato da história.

Além da Terra Selvagem, a guerra se estende por diversas localidades, incluindo grupos como os Jovens Vingadores e os vilões regenerados liderados por Norman Osborn, os Thunderbolts.

Quem sou eu? Quem é você?

Como se essa crise já não bastasse, a história chega a uma fase mais complicada. Assumir e distorcer identidades, como fazem os skrulls, cobra uma conta cara. Sejam os espiões aliens ou até mesmo os habitantes da Terra, todos acabam confusos sobre suas identidades. Até quando foi fingimento? Será que foi tudo um papel a ser interpretado? A troca de papéis causa impactos devastadores que, em muito, decidem a batalha. Afinal, no fim das contas, um skrull pode se tornar herói se achar que é.

Para acompanhar a série homônima ou apenas curtir uma boa leitura, a HQ é imperdível – não à toa saiu pela linha “Essenciais” da Panini.

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