Na década de 1980, rumores infundados sobre cultos satânicos tomaram conta das casas norte-americanas, se espalhando pelo mundo. Jogar Dungeons & Dragons, assistir desenhos animados e ouvir heavy metal se tornaram sinônimos de satanismo, em uma onda bizarra munida do efeito de manada. Os satanistas estavam ali, nas sombras; podiam ser seus vizinhos, seus tios, primos e até seus filhos. Esse fenômeno ficou conhecido como “pânico satânico”, e a nova série do Max, Hysteria, se utiliza deste contexto para contar sua história.
Sobre Hysteria
A história acompanha uma cidade pequena, atordoada com o desaparecimento de um estudante. Quando três adolescentes tentam emplacar sua banda de heavy metal, a cidade começa a culpá-los pelo desaparecimento, instaurando uma histeria coletiva: “o diabo está entre nós!”

Ainda que tenha um quê de série teen, Hysteria sabe explorar muito bem as nuances da psique humana. Faz uma abordagem profunda e realista de pessoas comuns, discutindo sobre medos, crenças e os limites de cada um.
Tanto o núcleo adulto quanto o jovem entrega boas atuações, que agregam a personagens bem escritos, cada qual com um papel significativo na trama. Dentre o elenco, destacam-se Julie Bowen (Modern Family), como uma mãe que teme pela própria alma – e pela do filho; Anna Camp (A Escolha Perfeita) como uma fanática religiosa inescrupolosa; e Emjay Anthony (Chef) como um adolescente que ultrapassa seus próprios limite pelo que deseja.

O maior acerto de Hysteria, entretanto, é o toque de metalinguagem em sua concepção. Enquanto os moradores da cidades vivem em uma histeria satânica, crendo no próprio diabo, o espectador também é levado a essa mesma dúvida: a série tem, ou não, elementos sobrenaturais? Será que tudo o que está acontecendo são frutos desse pânico satânico coletivo? Ou será que uma força diabólica está realmente presente em Happy Hollow?
Com oito episódios, a série nem sempre consegue manter o ritmo, mas entrega um produto final criativo e engajante, que conceitua e explora a mente humana de forma inovadora. Hysteria, portanto, é a pedida certa para quem busca uma série de mistérios complexa e contagiante. Por fim, cuidado para não sair da frente das telinhas acreditando em cultos satânicos embaixo da cama.