He-Man ainda tem a força em Mestres do Universo: Salvando Eternia

Carlos Bazela
He-Man ainda tem a força em Mestres do Universo: Salvando Eternia

Para quem está no meio da casa dos 30 anos, He-Man e a frase “Eu Tenho a Força” compõem parte importante de uma infância embalada pelas manhãs na frente da TV, sintonizada no Xou da Xuxa. Aliás, o desenho ficou na grade de programação da TV Globo por tanto tempo, em épocas alternadas, que muitos pais conseguiram apresentá-lo aos seus filhos.

É com esse efeito nostálgico que chega ao catálogo da Netflix a série animada Mestres do Universo: Salvando Eternia. Com a premissa de ser uma sequência direta do desenho oitentista, temos de volta o Príncipe Adam e seu alter-ego superforte, assim como Esqueleto, Teela, Mentor, Gorpo, o tigre verde Pacato e outros personagens queridos para uma temporada com opção de dublagem em português.

O que preciso lembrar pra assistir?

Mestres do Universo: Salvando Eternia começa com a tradicional narração sobre qual é o contexto geral da disputa de poder entre as forças que protegem o Castelo de Grayskull e a Montanha da Serpente. Então, basta ter visto alguns episódios de He-Man para entender. Claro, quanto mais você assistiu mais vai se divertir com as referências e os personagens que retornam.

E o impacto da nova série já vem direto no primeiro episódio. O Esqueleto finalmente invade o Castelo e revela seu verdadeiro interesse no local: roubar toda a magia de Eternia concentrada em um orbe trancado no subterrâneo da fortaleza, o Salão do Conhecimento.

Acontece então, finalmente, o duelo final entre He-Man e o vilão, que termina com a morte de ambos e toda a magia drenada do reino. Quem sofre o maior golpe, no entanto, é Teela. Com tudo isso acontecendo no dia em que seria alçada ao posto de Mentora, substituindo seu pai adotivo, Duncan, a moça não só perde seu grande amigo, seu interesse amoroso e descobre que ambos eram a mesma pessoa.

A jornada de Teela

Assolada tanto pela dor da perda quanto pela frustração das mentiras, uma vez que ela era a única amiga próxima de Adam que não sabia do seu segredo, Teela decide deixar o castelo do Rei Randor e da Rainha Marlena. A garota então se junta a Andra, uma talentosa engenheira, e usa seus dons de combate ao lado da amiga para como aventureira, sendo paga para encontrar artefatos raros em Eternia.

Tudo muda para as duas quando elas voltam ao Castelo de Grayskull e descobrem que a Feiticeira está morrendo. Aliás, não só ela como toda a magia do universo. Cabe à Teela e Andra, então, recuperar a espada utilizada por He-Man, que pode restaurar esse equilíbrio. Mas, a lâmina está dividida em duas e elas ainda terão que unir forças com outra feiticeira: Maligna.

Magia e Tecnologia

Um dos grandes acertos da história, ainda no caminho da expansão da mitologia estabelecida, é colocar em conflito a magia e a tecnologia. Afinal, as aventuras de He-Man sempre mostravam os personagens recorrendo a alguma espécie de magia enquanto eram capazes de montar em motos voadoras e dispunham de toda a sorte de equipamentos modernos.

Assim, a trama paralela com foco na Tecnoseita, comandada por Triclope e Mandíbula, bem como a participação de Roboto e Homem-Fera, trazem um tempero extra e muito bem-vindo para a narrativa não ficar focada em um único tema.

Por falar em magia, aliás, o fato do Príncipe Adam agora ser retratado como um rapaz mais franzino deixa mais verossímil o fato de ele conseguir esconder de todos sua dupla identidade. Muito mais que um corpo bronzeado e com pouca roupa, pelo menos.

Destruíram minha infância?

Criada por Kevin Smith, cineasta e roteirista de quadrinhos, Mestres do Universo: Salvando Eternia vem recebendo algumas críticas dos espectadores, que vão desde o fato de He-Man não ter tanto tempo de cena – o que deve mudar no próximo arco – até pelo figurino, digamos, menos revelador usado pelas personagens femininas.

Respondendo à primeira crítica, porque a segunda não vale nem a pena levar em consideração, He-Man tem o tempo de cena que precisa ter nesses primeiros episódios e não é diminuído de nenhuma forma. Afinal, a ideia de fazer uma continuação é exatamente poder expandir um universo estabelecido e dar destaque para outros personagens que não tinham espaço anteriormente. E, por mais que Teela seja o ponto central aqui, Gorpo, Mentor e o próprio Esqueleto têm seu espaço e a importância devida para a trama.

Assim, a animação da Netflix é uma aventura deliciosa de se assistir. Recheada de reviravoltas que surpreendem o espectador e muitas homenagens ao clássico, o desenho traz célebres as pitadas de humor nos momentos certos e o retorno de algumas vozes originais na versão dublada, além de outros nomes conhecidos de longa data na legendada.

Uma experiência, portanto, que torna fácil liquidar os 5 episódios do primeiro arco com rapidez. Curtindo as surpresas e sentindo orgulho em ver que o desenho que você assistia quando criança também cresceu e, assim como você fez – ou deveria –, se adaptou aos novos tempos para expandir sua história.

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