Nos últimos episódios de Mobile Suit Gundam (veja nossa crítica), as percepções de Amuro sobre os outros ao seu redor começam a mudar. Ele estava começando a desenvolver um sexto sentido, mas a série acaba antes que essa habilidade – e esse arco – sejam propriamente desenvolvidos.
As resposta para isso, entretanto, viria em Gundam Zeta, que estreou em 1985 e pode ser encontrada no catálogo do Funimation. A segunda série da franquia se passa 8 anos depois dos eventos da Guerra de Um Ano trazem como principal trama o nascimento dos Newtypes. Com dons de precognição, os quais todos acreditam que foram desenvolvidos somente pelos humanos que foram viver no espaço, os Newtypes passam a ser motivo de curiosidade entre as colônias e de temor para os mandantes dos exércitos da Terra.
Embora a nação de Zeon e a família Zabi não sejam mais uma ameaça para a Terra, as coisas estão longe de ser pacíficas ao redor do planeta. Os Titans, uma força paramilitar da Federação Terrestre, que impõe sua vontade pelo planeta e pelas colônias por meio da crueldade e de um poderio bélico superior.
Os únicos que se opõem a eles são a Anti Earth Union Group, a A.E.U.G., que confia em seu melhor piloto, o capitão Quattro Bajeena para liderar o grupo a vitória. Afinal, há quem diga que ele é ninguém menos do que um dos homens mais importantes do conflito anterior: Char Aznable.
Novos e velhos personagens
Gundam Zeta começa de maneira bem semelhante ao original, com um jovem se apropriando de um Gundam, que foi desenvolvido por seu pai. No entanto, dessa vez temos o impetuoso Kamille Bidan e o Gundam Mark II, recém-criado para os Titans. Cansado da tirania – e com diversas questões familiares pendentes – o rapaz decide roubar uma das três unidades do Mark II e se unir à A.E.U.G..
Daí em diante, vemos a jornada de crescimento de Kamille, que precisa aprender a lidar com as responsabilidades do conflito que escolheu tomar parte e descobrir como fazer uso de suas habilidades Newtype.
Para isso, ele recebe a ajuda de ninguém menos do que Amuro Ray, o herói da Federação, que deixa o marasmo da sua vida para se reunir com antigos confrades, como Hayato Kobayashi e Kai Shidden para derrubar os Titans à medida que se tornam um problema, inclusive, para a Federação.
Drama, ação e mechas
Gundam Zeta é conhecida pela sua grande diversidade de designs de Mobile Suits, os mechas da franquia. Com tamanhos, formatos e armamentos variados, as máquinas desenvolvidas pelos Titans e A.E.U.G. entregam combates espetaculares e chamam a atenção pela criatividade.
Principalmente o Zeta Gundam, modelo que dá nome à série – embora faça seu debute já passados mais de dez episódios. Com linhas agressivas e a habilidade de se transformar em uma espécie de nave para atingir mais velocidade, o MS pilotado por Kamille Bidan abandona a tradicional “boca” na cabeça para adotar um desenho que se tornaria divisor de águas na franquia.
Aliás, como uma boa produção da década de 1980, Gundam Zeta faz uso de uma vasta coleção de robôs transformáveis, que vão dos mais funcionais, como o Zeta até os mais exóticos, caso do Baund Doc.
Outro ponto no qual Gundam Zeta não fica devendo é a carga dramática. Ainda que o começo seja um pouco forçado, é divertido acompanhar Kamille, Quattro, Amuro, e uma centena de personagens quadjuvantes que acabam roubando a cena. Principalmente as femininas, como Reccoa Londe, Fa Yuiry, Haman Karn e Emma Sheen.
Assim, Gundam Zeta adiciona um novo capítulo à franquia e, enquanto passa sua mensagem sobre a necessidade de entendimento entre as pessoas e deixa os horrores da guerra em evidência, conta uma história bem construída e com um protagonismo feminino incomum para algumas produções da época.