Free Guy: um belo brinde à liberdade e à nerdice

Em algum momento você já se sentiu aprisionado numa rotina aparentemente imutável, em que não parece haver espaço para fazer e sentir coisas novas? Esse é o destino de um NPC – aqueles personagens com os quais se interage nos games (como comerciantes, curandeiros etc.), mas não se joga. Usando o mundo dos jogos como metáfora, Free Guy – Assumindo o Controle (Free Guy, EUA/Canadá, 2021) é o tipo de filme que te faz rir e refletir ao mesmo tempo.

Estreando nos cinemas brasileiros na quinta-feira (19), o longa estrelado por Ryan Reynolds (Deadpool) leva o público para Free City, cidade que é cenário de um game onde está Guy (Reynolds), o funcionário de banco que, entre sofrer um assalto e outro, leva uma vida pacata. Mas, quando se depara com Molotov Girl (Jodie Comer, de Killing Eve), o personagem decide largar tudo e se aventurar com a moça. Acontece que Guy deveria ser apenas um NPC.

Com seu protagonista contrariando o sistema que foi criado para obedecer, o título comandado por Shawn Levi (produtor e diretor de Stranger Things) envereda por trilhas bastante familiares ao público nerd. Como primeiro plano, a obra evoca questionamentos que fizeram de “Matrix” um sucesso, bem como aquela atmosfera de “aprisionado em um game” que marcou época com “Jumanji” e “Digimon”. O que por si só costuma funcionar bem.

Se pudesse escolher

Só que Free Guy – Assumindo o Controle vai além de uma história inspirada em games. Ao apresentar Guy levando uma vida sem emoção, o enredo assinado por Matt Lieberman (Scooby! O Filme) e Zak Penn (The Avengers – Os Vingadores) convida quem assiste à seguinte reflexão: “O que estou fazendo com a minha vida? Estou vivendo ao máximo?”. O que, como podemos observar na jornada de Guy, pode ser o pontapé inicial para algo espetacular.

Um dos destaques é a forma com que Guy tenta ajudar seu melhor amigo, o segurança Buddy (Lil Rel Howery, de Space Jam: Um Novo Legado), a também se liberar das amarras de sua programação para viver na plenitude. Aqui, é interessante ver como Buddy se mostra satisfeito com a realidade que tem junto ao amigo. E, por fim, os mistérios envolvendo os personagens se desvendam de forma que podemos relacionar com “O Show de Truman”.

Show de referências

Páreo duro para Jogador Nº 1, Free Guy – Assumindo o Controle tem trama estabelecida na realidade, núcleo em que é contestada a ganância da indústria dos games e onde o público encontra rostos conhecidos como Joe Keery (ator de Stranger Things) e Taika Waititi (diretor de Thor: Ragnarok). Para fechar, o longa da 20th Century Studios ainda recorre ao acervo da Disney (que inclui Marvel e Star Wars) para momentos divertidos e surpreendentes.

Em resumo, não é exagero apontar o filme como uma das melhores estreias do ano!

Next Post

Capitão América: A Verdade escancara o racismo estrutural

A série Falcão e o Soldado Invernal, do Disney+ (leia nosso review), teve muitos pontos impactantes. Dentre eles, a ousadia de trazer ao grande público a história de Isaiah Bradley, aquele que ficou tachado como “Capitão América negro“. Mesmo sendo um velho conhecido dos leitores de quadrinhos, Bradley tinha sua […]