Entrevista: Wirley Contaifer, o dublador do Homem-Aranha

Quando a Sony Pictures e a Marvel Studios anunciaram um acordo para transportar o Homem-Aranha até o Universo Cinematográfico Marvel, as atenções dos fãs do mundo todo se voltaram ao ator Tom Holland, escolhido para o papel – após as versões de Tobey Maguire e Andrew Garfield. No Brasil, o super-herói é conhecido por dublagens marcantes, repletas de emoção e personalidade. E, para o novíssimo Amigão da Vizinhança, foi escolhida a voz Wirley Contaifer, dublador carioca de 29 anos, que assumiu o personagem logo em sua estreia em 2016.

Wirley Contaifer dá voz ao herói nos novos filmes da Sony Pictures e Marvel. (Foto: Arquivo pessoal)

Em um bate-papo exclusivo, Contaifer falou ao BN sobre seu trabalho na pele do Escalador de Paredes, desde o começo em Capitão América: Guerra Civil e Homem-Aranha: De Volta ao Lar até o mais recente Homem-Aranha: Longe de Casa (confira nossa crítica completa). Entre as revelações feitas pelo dublador, estão os detalhes de sua escolha para o papel, o impacto disso a longo prazo em sua carreira e a respeito das principais características de Peter Parker/Homem-Aranha que tornam o personagem seu super-herói favorito.

Confira a entrevista completa:

BN: Você é dublador do Tom Holland desde Capitão América: Guerra Civil. Como foi o processo para conseguir o papel?

Wirley Contaifer: Isso aí, embarquei primeiro em “Capitão América: Guerra Civil”. Tom e eu estamos juntos até aqui, desde a primeira vez no “Universo Cinematográfico da Marvel”; onde ele tem a imagem, eu tenho a voz, em sequência (considerando a versão brasileira em tudo isso, obviamente). Logo, este fósforo foi aceso quando fui submetido ao teste de voz para o Homem-Aranha (no volume final da trilogia do Capitão América), numa segunda rodada de avaliação, onde uma quarta voz, somente, foi requerida (pela Sony e Marvel) para comparação com as vozes da primeira rodada, e esta foi a minha. Foi Manolo Rey (a voz de Tobey Maguire, em sua vez como “Homem-Aranha”) que sugeriu a Sérgio Cantú (a voz de Andrew Garfield), o meu nome.

BN: Sabemos do desafio de Tom Holland em dar vida ao Homem-Aranha depois de Tobey Maguire e Andrew Garfield. Mas como é dublar o herói após Manolo Rey e Sérgio Cantú?

Wirley Contaifer: Me estimula e me encoraja a ser o melhor que posso ser em minha vez com o traje, acima de tudo. É com a bênção deles, a propósito, que “lanço minha teia” sobre esse “Aranhaverso”, estabelecendo o que existe para ser falado na nossa língua para o Homem-Aranha desta vez. Esses dois “Aranhões” brasileiros são pilares fortes em minha construção para o personagem e para o ator, uma vez que eles foram juntos, responsáveis pelo meu ingresso nessa jornada.

BN: Ao dublar, você tem acesso antecipado ao que acontece com seu personagem. Como faz para guardar segredo, uma vez que os filmes da Marvel são os mais esperados do ano?

Wirley Contaifer: É mais simples do que se pensa; eu me silencio e me coloco no lugar de toda e qualquer pessoa que precisa e merece ter uma experiência única, após seus ingressos ou mídias digitais adquiridas. Não sou anti-spoiler, quanto a ouvir de alguém sobre elementos e símbolos-chave de um longa-metragem, por exemplo, mas sou contra, em minha vez de falar. Há um tempo, numa entrevista compartilhada, Rodrigo Oliveira (voz no Brasil do Pantera Negra) disse que se ele se importasse com o fato de ter a antecipação de informações sobre os projetos que participamos, tal como temos, ele teria que mudar de função e eu o acompanho nessa colocação.

BN: O que o trabalho nos filmes do Homem-Aranha significa para sua carreira?

Wirley Contaifer: É inclassificável, posto que toda tentativa de reunir algumas palavras para explicar isso pra mim se torna em vão, vocês conseguem me entender? Todo esse movimento proporcionado pelo Homem-Aranha, ao entrar na fileira de personagens que sou voz é revolucionário ao extremo e sem medidas! É como corresponder aos recordes que os longas e os projetos relacionados têm alcançado – assim é o “barulho” em meu interior. Em suma, também estou sendo voz junto a toda uma geração se levantando e entendo sobre o que é ter a vida como um grande poder e viver direito como uma grande responsabilidade.

BN: Pelas redes sociais, a gente vê que você realmente incorpora o Homem-Aranha? Ele é seu super-herói favorito?

Wirley Contaifer: Sem sombra de dúvidas! Hoje, então… Estive presente no cinema, em 2002, vendo o Homem-Aranha de Tobey Maguire “salvar o dia” e a si mesmo, em sua jornada como herói. Me lembro de quase não piscar, assistindo. Me lembro de como ficava estático vendo-o se expressar em todas as suas formas. Aquilo já dispensava grande efeito em minha vida… Eu estava crescendo e já enxergava na simplicidade daquele homem, que poderia ser eu mesmo ou qualquer outro, a qualidade de ser um ser humano antes de um super-herói, e no final das contas se trata disso mesmo, né? Por isso que mais e mais esse personagem fala por mim e não só a partir de mim para os outros.

BN: Qual o diferencial do Homem-Aranha diante de outros heróis?

Wirley Contaifer: Acho que o fator humano não deturpado pelo fato de ser super na figura e na função de herói, acima de tudo. A visão vinda de Stan Lee apontava muito disso e sublinhava ainda que o Homem-Aranha não escrevia nas linhas de suas missões a morte de seus oponentes; ele sabe o que é a morte, por sua própria história e sua boa índole o leva ao extremo de “sacudir” alguém somente, mas sem finalizações e eu acho isso supremo e de um exemplo absoluto. Penso que deveria haver mais heróis nesse molde, mostrando que se destrona o mal sendo bom absolutamente.

BN: Conta pra gente qual o seu filme favorito do Homem-Aranha? E por quê?

Wirley Contaifer: Vou começar pelo que me parece mais fácil na resolução dessa questão; das animações que existem relacionadas ao personagem, “Homem-Aranha no Aranhaverso” é sem sombra de dúvidas o que existe de maior e melhor, em minha opinião. Nunca tive uma experiência similar a essa, quando assistindo isso no cinema, havia uma revistinha aberta, correndo à frente dos meus olhos e eu me coloquei em um estado de êxtase único, quando em contato com isso. Sou apaixonado pelo formato estabelecido nesse longa e pelas possibilidades expostas nele! (…) Já sobre os live-actions, eu não sei escolher ainda, acredita? Prometi pra mim mesmo que preciso ter uma direção a partir de uma maratona, revisitando do primeiro filme ao último. Mas para não abandonar a outra metade dessa resposta, eu diria que “Homem-Aranha: De volta ao lar” tem forte impacto sobre mim e por um combo de apontamentos, óbvios e não.

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