Entrevista: diretor analisa impacto de A Odisseia dos Tontos

No Brasil para a divulgação A Odisseia dos Tontos (leia aqui nossa crítica), o diretor Sebastián Borensztein e o produtor Federico Posternak receberam a imprensa para falar sobre o impacto do filme na Argentina, suas semelhanças com o cenário político e econômico de países da América do Sul e sobre a responsabilidade do cinema no comportamento do público. “O que acontece na história, acontece no mundo inteiro. Você olha a televisão e vê isso acontecendo no Chile, em muitos lugares”, diz Borensztein sobre a universalidade da obra.

Nesta produção, que se passa no período da crise econômica argentina em 2001, um grupo de injustiçados decide agir contra um complô engendrado pelo banco, que acabou levando suas economias e sonhos. “Ninguém é ingênuo com as instituições, todos estão descontentes com seus governos. Quando vemos uma história como a desse filme temos uma sensação gratificante”, afirma o cineasta. Nesse sentido, o longa-metragem mostra a busca por revanche por parte dos protagonistas liderados pelo personagem interpretado pelo ícone Ricardo Darín.

Borensztein e Posternak marcaram presença na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

“Nesse grupo, temos uma empresária, um indigente que não tem nada… essa história tem representados todos os andares sociais e econômicos de uma sociedade e todos trabalhando juntos para recuperar o que foi roubado deles”, detalha Borensztein. Segundo a dupla, o filme agradou espectadores de diferentes partidos políticos na Argentina. “A gente acha que a divisão não é tanto política. É mais ideológica. Nós nos vemos como parte de uma sociedade. Somos todos tontos. Aquele que só pensa em si, é um filho da p…”, brincou Posternak.

Sobre os efeitos que o longa pode ter sobre a sociedade, o diretor falou que o cinema não pode ser responsabilizado por uma eventual má interpretação do público – lembrando que um temor parecido circulou em Coringa. “O cinema é o lugar perfeito para fazer o que não se pode na vida real. O cinema não precisa ser politicamente correto, justo com lei… para isso, tem a vida de todos os dias”, comenta, citando os filmes de vingança e violência de Hollywood. “O cinema está aí para voar com a fantasia e a fantasia de todo mundo é fazer isso”, completa.

“1,8 milhão de pessoas já assistiram esse filme na Argentina. As pessoas sentiam que faziam uma catarse com esse filme. Essa foi a recepção em Toronto, em São Sebastião [na Espanha] e acho que aqui pode acontecer a mesma coisa”, destaca Borensztein. “É muito difícil chegar a essa marca. São 200 produções argentinas lançadas no cinema e disputam contra filmes como Coringa, Toy Story, uma série por semana na Netflix”, analisa Posternak, muito feliz pelo sucesso de bilheteria mesmo com a mudança de consumo de conteúdo na atualidade.

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