É comum ter aquela impressão de que a Disney tende a infantilizar histórias e situações. Porém, se pararmos para pensar, as mortes de Mufasa e da mãe de Bambi, as desventuras de Dumbo e Pinóquio e os males cometidos contra princesas como Branca de Neve e Cinderela ensinam duras lições para crianças há décadas. Chegando hoje (27) aos cinemas e amanhã (28) ao streaming, Cruella não foge dessa toada, oferecendo uma trama ácida e madura.
Centrado na vilã de 101 Dálmatas, o longa dirigido por Craig Gillespie (Eu, Tonya) mostra que há muito mais a se saber sobre “Cruella Cruel”, graças à brilhante Emma Stone (La La Land: Cantando Estações), que mergulha de cabeça na instável psique da antagonista fashion. Na obra, a personagem ressurge como uma jovem com talento singular para moda, mas que sofre para se encaixar nos padrões de Londres nos anos 70 e superar o fim trágico de sua mãe.
O grande sonho de Cruella? Despontar como estilista reconhecida, bem como recuperar uma joia familiar, que ficou na propriedade da Baronesa (Emma Thompson, de Nanny McPhee e as Lições Mágicas) – autoridade máxima da moda – no pior dia de sua vida.
Se a vida te der limões
Desde criança, Cruella sempre foi incentivada a reprimir sua personalidade forte juntamente com os cabelos divididos em preto e branco. Quando órfã, a protagonista decide evitar atenções tingindo as madeixas e vivendo de pequenos roubos, aplicados com a dupla Gaspar (Joel Fry, de Game of Thrones) e Horácio (Paul Walter Hauser, de Cobra Kai), sob uma gama de disfarces que ela mesma costura. Claro, com o cãozinho Wink, mascote do grupo.
Porém, quando tem a chance de se aproximar da Baronesa, a jovem descobre finalmente o paradeiro do colar perdido e resolve lançar sua vingança contra todos os envolvidos. Para tanto, Cruella assume seu lado mais disruptivo, que vem acompanhado de uma atitude explosiva e capacidade genial para criar looks. A necessidade de aceitar quem você é, mesmo que o mundo não se mostre preparado para isso, talvez seja a principal mensagem do longa.
Superando expectativas
O título contradiz as cores branca e preta que predominam em suas 2h14, mostrando que entre o certo e o errado, o bem e o mal, há uma grande área cinzenta, o que em si já evidencia uma visão bastante adulta da vida. Além disso, o clima divertido de filme de assalto, figurinos e maquiagens impecáveis e a trilha sonora que inclui Queen, Deep Purple e The Clash são atributos que fazem Cruella imperdível para adultos e crianças.
No Disney+, a produção estará disponível nesta sexta-feira via Premier Access (uma taxa extra e única de R$ 69,90).
