Fazer terapia já não é fácil, pois exige abrir o coração, revisitar traumas e lidar com verdades incômodas. Agora, imagine passar por tudo isso tendo como terapeuta um serial killer aposentado. É com essa premissa inusitada — mas criativa — que Conselhos de Um Serial Killer Aposentado, dirigido por Tolga Karaçelik, tenta conquistar o público, misturando humor e tragédia de forma promissora.
O longa-metragem é aquele tipo de filme que parece ter tudo para dar certo — e, de certo modo, até tem.

Com um elenco excelente — que vai desde uma das estrelas de Ruptura, Britt Lower, até o notável Steve Buscemi — e uma trama absurda, se mostra promissor por si só. As atuações, de fato, são cheias de nuances e o clima inicial promete uma mistura ousada de humor ácido com melancolia existencial. Mas, ao longo da obra, essa mistura se embaralha tanto que o resultado acaba sendo mais confuso do que envolvente.
Conselhos de Crítico Abstraído
Karaçelik tenta equilibrar a comédia ácida com momentos de tragédia íntima, mas o tom oscila demais. Em vez de criar uma experiência agridoce, o longa acaba ficando preso num meio-termo que não empolga nem emociona. A narrativa, que começa interessante, vai perdendo força e ritmo, tornando a segunda metade um pouco maçante — mesmo com o esforço visível do elenco em manter a tensão e o carisma em cena.
Conselhos de Um Serial Killer Aposentado não chega a ser um filme ruim. Ele tem estilo, boas ideias e momentos até que inspirados. Alguns momentos são, de fato, bem engraçados — no sentido mais “vergonha alheia” e tragicômico. Mas, no fim das contas, parece uma sombra do que poderia ter sido — um projeto ambicioso que, infelizmente, se perde no próprio tom.
Ainda assim, vale pela curiosidade e pelas interpretações afiadas, que lembram o público de que, às vezes, o talento do elenco é o que impede uma queda completa no divã do fracasso.

