Cobra Kai: 1ª temporada reacende rivalidade de Karatê Kid

Carlos Bazela

Produção lançada para o YouTube Premium em 2018, série Cobra Kai, que continua o primeiro filme da franquia Karatê Kid – A Hora da Verdade (1984), parecia fadada o cancelamento, uma vez que a plataforma descontinuou seus planos de conteúdo original. Mas, ainda bem que existe a Netflix para dar a série o reconhecimento que ela merece: as duas temporadas, com 10 episódios cada, estrearam no serviço na última semana e uma terceira já foi confirmada.

Ambientada 34 anos depois da série original, Cobra Kai traz de volta Ralph Macchio e William Zabka aos papéis de Daniel LaRusso e Johnny Lawrence, respectivamente. A rivalidade entre os dois também volta: assombrado pelo torneio de All Valey que perdeu para LaRusso – junto com sua namorada Ali, Lawrence mostra que o golpe foi muito maior do que o chute na cara que levou do discípulo do Sr. Miyagi (vivido pelo saudoso Pat Morita).

A rivalidade dos anos 80 volta com uma abordagem inesperada. (Foto: Mark Hill)

Morando na periferia, com um carro detonado – uma Pontiac Firebird dos anos 1980, claro – e se alimentando mal, a ex-estrela do Cobra Kai parece estar no fundo do posso. E ainda precisa lidar com o sucesso de seu eterno rival, que ficou rico e é dono de uma loja de carros de luxo, com direito a comerciais de TV e tudo.

As coisas mudam na vida de Johnny quando ele ajuda seu vizinho adolescente, Miguel Diaz (Xolo Madureña, de Parenthood), a se defender de uma surra dos outros alunos da escola onde estuda. Surge então a ideia de reabrir o Cobra Kai sob os mesmos preceitos de antigamente e ensinar o karatê a uma nova leva de aprendizes da mesma forma que ele aprendeu: com o máximo de bullying possível.

A mesma história e um novo olhar

Por mais que o desenrolar da temporada apresente eventos previsíveis, dignos de um bom filme adolescente da Sessão da Tarde, Cobra Kai acerta mesmo na dualidade dos personagens. Se em Karatê Kid Johnny Lawrence é apenas um valentão babaca do qual você sente raiva, na série ele permanece um idiota, mas tem momentos de redenção, mesmo que não chegue a mudar sua essência.

Sem contar que, ao olhar os acontecimentos do personagem desde sua infância até o dia que perdeu a fatídica luta, é possível compreender os aspectos que moldaram sua personalidade. Por mais que o espectador discorde dos seus atos e do discurso, esse olhar mais humano para o até então vilão faz com que você torça por ele em algumas passagens.

Ao mesmo tempo que o eterno Daniel San se mostra vingativo e manipulador ao fazer de tudo para prejudicar a reabertura do dojô que trouxe à tona suas piores recordações da adolescência. Esse viés ajuda a série a fugir do maniqueísmo do gênero e ainda que tenha uma ou outra passagem clichê, há boas surpresas reservadas.

Presença feminina forte

Cobra Kai ainda reserva espaço para fazer justiça às mulheres dos filmes lançados na década de 1980. Enquanto Ali era basicamente um segundo troféu disputado por Lawrence e LaRusso, a atual esposa de Daniel, Amanda (Courtney Henggeler, de The Big Bang Theory) é o poço de sensatez que ele precisa para não ser tragado de vez pelo ódio contra o rival. O mesmo vale para a filha do casal, Samantha (Mary Mouser, de Os Fosters), que entre um tropeço ou outro, busca fazer a coisa certa se espelhando no lado bom do pai.

Aisha (atriz estreante Nicole Brown) é a personificação da vingança de toda menina nerd que tenha sofrido bullying na escola e sua jornada é uma das mais interessantes dos primeiros 10 episódios do seriado, mostrando que dinheiro não conta muito quando se contraria os padrões ultrapassados de perfeição.

Aisha tem uma das jornadas mais interessantes do programa.

No mais, outro ponto a favor de Cobra Kai é que todos os clichês que se esperaria de um derivado de Karatê Kid parecem ter sido gastos nessa temporada, cujos 10 episódios trazem ritmo tão bom, que fazem dela facilmente maratonável em um fim de semana.

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