Adaptação de uma série de jogos eletrônicos lançada pela Konami em 1986, Castlevania chegou ao catálogo da Netflix em 2017, como um projeto ambicioso cujo objetivo era apresentar mitologia rica e cultuada (no universo no gamer) no formato de anime. Desenvolvida por Warren Ellis (roteirista conhecido pelos quadrinhos de Hellblazer, da Vertigo, e Thunderbolts, da Marvel Comics), a atração estreou no serviço de streaming com uma primeira temporada composta por apenas quatro episódios baseados em Castlevania III: Dracula’s Curse (1989).
A trama começa em Valáquia, em 1455, e mostra Vlad Drácula Tepes (Graham McTavish, de Preacher) abordado por Lisa (Emily Swallow, de Supernatural), médica interessada em obter os conhecimentos do vampiro. Após seu casamento com a cientista, Drácula passa duas décadas viajando pelo mundo para tentar se reconectar com a humanidade, mas isso até descobrir que sua esposa fora assassinada pela Igreja sob acusação de bruxaria. O vilão dá 1 ano para os habitantes da cidade Targoviste se arrependerem ou então morrer por seus pecados.
Quando Drácula finalmente libera seu exército de demônios sobre a Terra, o programa passa a trabalhar na introdução de seus protagonistas. Primeiro, conhecemos Trevor Belmont (Richard Armitage, da trilgoia “O Hobbit”), um beberrão decadente e o último de uma linhagem de caçadores de monstros. Logo em seguida, surge a Oradora Sypha Belnades (Alejandra Reynoso, de O Clube das Winx), uma feiticeira de mãos cheias. Por fim, entra em cena Alucard (James Callis, de Battlestar Galactica), ninguém menos que o filho de Drácula com Lisa Tepes.
Com visual inspirado na arte de Ayami Kojima em Castlevania: Symphony of the Night (1997), o título usa de um enredo simples para alinhar uma frente de combate a Drácula – com potencial para resolver o embate em temporadas futuras (o seriado já tem três temporadas no serviço de streaming). Deste modo, enquanto a guerra se desenvolve, o que se vê aqui é uma forte crítica à igreja. Afinal, à medida a intolerância religiosa ameaça a vida de pessoas diferentes, a série elege como seus heróis três indivíduos de raça, orientação e gênero totalmente opostos.
De linguajar indicado aos públicos mais maduros e repleto de violência gráfica – contrastando com os traços delicados da animação –, Castlevania utiliza os recursos necessários para nos entregar uma atmosfera gótica e cheia de mistérios numa adaptação que faz jus à franquia clássica dos videogames.