Bela Vingança: thriller lança crítica ácida à cultura do estupro

Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original e indicado a mais 4 estatuetas da premiação (incluindo melhor direção e atriz protagonista), Bela Vingança (Promising Young Woman, EUA/Reino Unido, 2020) estreia oficialmente nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13), embora já esteja em cartaz em pré-estreias especiais. Distribuído pela Universal Pictures, o longa utiliza de uma atmosfera de suspensa para tecer críticas ácidas à cultura do estupro.

Escrito e dirigido por Emerald Fennell (roteirista de Killing Eve: Dupla Obsessão), Bela Vingança conta a história de Cassandra Thomas (Carey Mulligan, de As Sufragistas), que definha enquanto lida com o destino trágico de sua amiga, Nina – abusada sexualmente quando as duas cursavam a faculdade de medicina. Cassie abandonou o curso e agora trabalha de dia como atendente num café e à noite “caça” predadores sexuais em bares e baladas.

Sofrimento solitário

Logo em seu início, a protagonista deixa claro que não conseguiu seguir com sua vida sabendo que sua melhor amiga não pôde seguir com a dela. Tudo começou numa noite de bebedeira na universidade, onde Nina acabou forçada a ter relações com um colega de turma e terminou por ter o vídeo disso divulgado pela internet. Traumatizada, Cassandra tenta se vingar do acontecido e proteger outras garotas que poderiam ser vítimas desse tipo de crime.

Em 1h 53min de duração, essa narrativa tão chocante quanto realista revela que Cassie tem alvos bastante específicos pelo que houve com sua amiga. A lista inclui a reitora da faculdade, acostumada a relativizar denúncias de estupro, e colegas que fizeram vista grossa para o caso na época – e, inevitavelmente, ajudaram a deslegitimar Nina. Cassandra coloca em prática planos elaborados para fazer com que os culpados sintam a dor e o terror da amiga.

Perigo constante

Além de mostrar como a sociedade tende a reagir apenas em causa própria, a jornada de Cassie vai além, desmascarando e constrangendo diversos tipos de homens tóxicos, exibindo suas fragilidades e como é ridícula sua objetificação das mulheres. Ao expor uma série de rapazes, a obra retrata a cultura do estupro como uma doença que se alastra pela sociedade, exigindo reparação e a desconstrução até mesmo do mais perfeito dos pretendentes.

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