Avatar: O Último Mestre do Ar é releitura cativante e madura

Água, terra, fogo e ar: desde sua estreia em 2005, Avatar se tornou uma animação aclamada ao redor do mundo, conquistando uma grande comunidade de fãs. Muitos desejavam por uma adaptação live-action dessa história, mas tudo mudou quando o filme finalmente atacou os cinemas. Um grande fiasco, o longa-metragem trouxe, para muitos, a desesperança de uma boa adaptação em carne e osso. Entretanto, 19 anos depois de Aang ser liberto do iceberg pela primeira vez, chega mais uma versão dessa obra que, o que tem de lúdica, tem de fantástica.

Quando a Netflix anunciou que lançaria uma série live-action de Avatar, muitos fãs ficaram apreensivos, e com razão – o que esperar da mesma empresa que trouxe a pior versão de Death Note até então? Porém, após a estreia de One Piece: A Série, que foi um sucesso de público e crítica, as esperanças começaram a surgir.

Dentre maus e bons presságios, como a saída dos criadores da animação dos projetos e a bela caracterização dos materiais promocionais, respectivamente, a Netflix finalmente lançou Avatar: O Último Mestre do Ar. Seria possível que uma animação tão injustiçada teria, finalmente, a adaptação que merecia?

Desde o primeiro minuto, a série deixa claro que sua proposta não é ser uma cópia do material original, propondo sua própria releitura da história de 2005. Não só altera as estruturas e a ordem em que algumas tramas são apresentadas, mas também evidencia se tratar de uma versão mais crua e séria do que a animação, sem ter medo de mostrar mortes violentas ou espíritos mais assustadores, por exemplo.

Alguns arcos também têm suas estruturas reescritas e remodeladas para se encaixar no formato de oito episódios. Ao mesmo tempo, alguns personagens personalidades distinta da animação, para que sejam representados de forma mais realista e menos cartunesca, como o Rei Bumi, por exemplo.

Já com relação aos personagens principais, as mudanças são poucas e, em grande maioria, irrelevantes. Os mesmos personagens da animação estão ali, muito bem representados, com algumas poucas ressalvas que, mesmo existindo, não estragam a experiência.

Desta forma, é possível perceber que as principais mudanças referentes ao material original acabam agregando à releitura, tornando possível o tom mais sério e adulto proposto. Com um ou dois deslizes na história, as alterações em “Avatar: O Último Mestre do Ar” mantém sua essência com as belas mensagens da animação.

Dentre outros elementos que se mantém próximos ao material original, estão a trilha sonora e a direção de arte. Além de cenários deslumbrantes e figurinos bastante leais à animação, a trilha sonora encanta com uma modernização de muitas das músicas presentas nos desenhos.

Uma das maiores dificuldades de adaptar a animação de Avatar para um live-action era a dobra dos elementos, que sempre foi bastante complexa. Com um trabalho de pós-produção muito bem elaborado, as dobras são retratadas de forma bela e bem montada. Indo além de apenas lanças pedras e baldes de água nos inimigos, todo o design das dobras na série é fascinante, encantando o espectador e conquistando sua atenção.

Já com relação ao elenco, os atores não deixam a desejar. Desde Kiawentiio como Katara, que transpassa sua esperança e afeição no olhar, até Gordon Cormier como Aang, que entrega a fofura que o protagonista merece, os principais personagens de “Avatar” são representados com muita dedicação pelo elenco, que dá vida à Gaang de forma exemplar.

A maior revelação da série, entretanto, está em Dallas Liu como príncipe Zuko. Mesmo tendo sido criticado pelo público quando foi anunciado para o papel, Liu claramente entrega a melhor atuação da obra, conseguindo representar com bastante eficiência as nuances deste personagem tão complexo.

Avatar: O Último Mestre do Ar

Ao mesmo tempo em que o público vê sua raiva como antagonista inicial, suas dores e traumas marcam suas feições, gerando raiva por seus atos e, ao mesmo tempo, simpatia pelo passado expresso em sua face. Além disso, uma das principais adições da série foi nos flashbacks referentes à relação de Zuko com seu tio, Iroh, o que dá ainda mais peso ao seu arco e abre espaço para o que está por vir nas próximas temporadas.

Entre discursos de honra e esperança, uma nova era de live-actions se consagra com uma série divertida, épica e ousada, que comprova a importância das mudanças nas adaptações para, neste caso, tornar uma história mais adulta e madura. Desta forma, sendo mestre nos quatro principais elementos de uma boa série épica: roteiro, direção artística, atuação e pós-produção, “Avatar: O Último Mestre do Ar” prova que as adaptações podem ser tão encantadoras quanto o material original, apresentando a história consagrada para novas gerações, ao mesmo tempo em que surpreende e encanta os fãs que tanto esperaram por esse momento.

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