Aqueles Que Me Desejam a Morte se mostra retrógrado e esquecível

Lucas Morais
Aqueles Que Me Desejam a Morte se mostra retrógrado e esquecível

Os últimos anos têm nos agraciado com ótimos filmes de ação. A porradaria de John Wick: Parabellum, o tom dramático de Bom Comportamento e a overdose de ação em Joias Brutas nos deixaram com as expectativas lá no alto acerca de qualquer lançamento do gênero.

Falar de bons longas cria um marco zero, um ponto de partida para que possamos destoar o genérico do autêntico. E Aqueles Que Me Desejam a Morte (“Those Who Wish Me Dead“, Canadá/EUA, 2021) se mostra como um enfadonho “feijão com arroz” hollywoodiano, tentando ser tanto um filme de ação convencional e também apresentar camadas de drama que não encaixam em tom nem profundidade.

Enquanto filme de ação temos a mesma música em verso diferente:  uma grande conspiração é ameaçada por alguém que sabe demais, mercenários que matam sem hesitar e uma trilha sonora competente permeiam o longa.

Acompanhamos Hannah (Angelina Jolie, de Malévola), uma bombeira florestal que vive os reflexos de um incêndio que vitimou 3 crianças que ela não pôde salvar. Seu drama pessoal nos é apresentado de maneira rasa com poucos minutos em cena, o que é um desperdício.  Ethan (Jon Bernthal, de O Justiceiro), o xerife da cidade, acompanha Hannah afastada das suas funções como brigadista.

O destino de Hannah se cruza com o de Connor (Finn Little, de Tidelands) um garoto que vê o pai ser assassinado por saber algo que ameaça pessoas poderosas. Temos no encontro dos dois um breve brilho da trama, ao trocarem figurinhas de suas tragédias me veio à memória a frase de Alexandre Dumas num dos maiores clássicos da literatura, O Conde de Monte Cristo: “lamentações feitas em comum são quase preces; preces a dois são quase graças concedidas”. É tocante e profundo como o sofrimento dos dois se somam, mas logo se dissipa, pois precisam fugir de capangas armados dispostos a matar a qualquer custo sob a pecha de informações que não sabemos. É um balde água fria.

Com sua falta de foco, enredo ambíguo e forma caricata de se fazer o gênero de ação, Aqueles Que Me Desejam a Morte entra no seu 3º ato sem empolgar e gerando a sensação de ser um filme esquecível antes mesmo do fim. Vale registrar a falta de um papel de protagonismo para Bernthal, que recebe os holofotes no seriado da Marvel, mas em longas está sempre como policial durão ou vilão – seria interessante um filme com forte apelo dramático para esse grande ator. Angelina Jolie, por sua vez, merecia um roteiro melhor.

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