A segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder mergulha mais fundo na Terra-média, mantendo o foco na busca por Sauron, mas expandindo suas tramas e tornando alguns personagens mais complexos. Ao longo dos episódios, a série apresenta momentos de impacto visual e narrativo, embora sofra com a lentidão no ritmo e no desenvolvimento dos núcleos.
Domínio a passos lentos
O arco de Sauron (Charlie Vickers), personificado principalmente como Annatar, vai se tornando mais sombrio e estratégico, conquistando a confiança de diferentes raças enquanto manipula suas fraquezas e ambições. Sua relação com os anões, em particular, se destaca, pois Sauron consegue enganar o Rei Durin III (Peter Mullan) e outros personagens, sem que estes percebam a verdadeira extensão de sua malícia.
O episódio 5, ao explorar o impacto da presença de Annatar em Eregion e Khazad-dûm, oferece uma visão sobre como Sauron semeia discórdia e avança com sua conquista. No entanto, os planos de Sauron são lentamente traçados, e seu impacto só é sentido mais fortemente na segunda metade da temporada, quando os eventos começam a se desencadear.
Humanidade rumo à queda
Por outro lado, o núcleo de Númenor, com seus jogos de poder, ambição e alianças traiçoeiras, também é bem explorado. Pharazôn (Trystan Gravelle) se destaca com suas intrigas para alcançar o trono, criando um pano de fundo político envolvente que amplia as tensões entre as diferentes facções. No entanto, o ritmo do núcleo de Númenor, com suas reviravoltas, às vezes peca pela previsibilidade, sem surpresas tão marcantes como outros arcos.
A trama da rainha Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e sua queda, embora importante, não teve o mesmo impacto dramático de outros eventos na temporada.
Onde está o mérito
O desenvolvimento do Estranho (Daniel Weyman) e Nori Brandyfoot (Markella Kavenagh) traz leveza e profundidade emocional à temporada. Sua jornada reflete a importância das amizades e das escolhas individuais, além de trazer uma nova camada à mitologia ao apresentar os Stoors e as Criaturas Tumulares, com um gostinho de mistério. A amizade do Estranho com os hobbits é um ponto de fuga dos momentos de maior tensão, equilibrando o tom da série.
Um dos momentos mais emolgantes é a aliança entre Arondir (Ismael Cruz Cordova) e Isildur (Maxim Baldry), que traçam um dos arcos mais promissores da temporada, principalmente pela colaboração entre personagens originais e os clássicos da mitologia. Eles ajudam a enriquecer a trama.
Capricho no final
A batalha no episódio 7 é um dos pontos altos da temporada, entregando um dos confrontos mais intensos, enquanto Celebrimbor (Charles Edwards) sofre nas mãos de Sauron, capturando a tensão que permeia a jornada dos elfos e anões.
O episódio final de “Anéis de Poder”, por sua vez, traz uma sensação de “supergrupo” com Elrond e Arondir colaborando contra os trolls, com uma vibe similar aos filmes dos Vingadores, embora o núcleo dos homens tenha sido o mais fraco, trazendo uma grande expectativa e finalizando com um fan service ao revelar a espada Narsil.