A Mulher na Janela (The Woman in the Window, EUA, 2021) surgiu de um estrondoso sucesso de seu livro homônimo, best-seller de A.J. Finn. Quando essa dobradinha entre literatura e cinema dá certo, é certeza de sucesso. Mas, aqui temos um filme problemático desde sua concepção, com troca de estúdio e refilmagens em seu histórico.
Acompanhamos Anna Fox (Amy Adams, de A Chegada), que além de separada do marido e da filha, vem sofrendo de agorafobia – isto é, um transtorno de ansiedade que a deixa com medo de sair para ambientes fora de sua casa. Então, ela passa os dias bebendo vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e espionando os vizinhos.
Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente se mudam para a casa do outro lado da rua– , Anna passa a observar a família. Assistindo-os através de sua câmera, ela se depara com uma situação que a deixa aterrorizada, gerando mais desequilíbrio. Essa é a base na qual o longa consegue entregar um prenúncio de suspense. Estamos dentro do olhar e percepção de Anna sobre tudo – e sua condição nos faz duvidar da realidade em que ela está inserida.
Amy Adams é o ponto alto da trama. Competente como sempre, a atriz nos entrega uma boa atuação. Porém, a falta de profundidade no roteiro e a natural comparação ao livro evidencia os problemas que fazem o filme não engrenar. A direção de Joe Wright (Orgulho e Preconceito) opta por passar de maneira rasa por questões importantes do livro – a constante observação na janela por parte de Anna e as propostas de alucinação devido o uso de medicamentos são pilares apresentados sem o mesmo peso do livro. Há também um desperdício gritante: Gary Oldman (Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban) interpreta Alistair Russel sem qualquer destaque – assim como todo elenco de apoio.
O desenrolar do filme não surpreende. Fica a sensação de que carece de um clímax no seu “plot twist” que eleve a trama. Muito por sua trilha sonora que não encaixa e não municia o ato final. Por fim, A Mulher na Janela se mostra um suspense destoante da qualidade de onde nasceu, com decisões simples demais em seu roteiro e a inevitável sombra de um livro brilhante. Nem mesmo a boa atuação de Adams é capaz de tornar a produção mais do que um suspense esquecível.
Assista na Netflix.