“Xuxa: O Documentário” revela derrotas e triunfos da Rainha dos Baixinhos

Laisa Lima

Cercado por polêmicas, revelações, encontros marcantes e muita sinceridade, Xuxa, O Documentário nasceu pelas mãos do diretor geral Pedro Bial, com o roteiro de Camila Appel, em uma tentativa de destrinchar o caminho até o estrelato de Xuxa Meneghel. Disponível no Globoplay a partir desta quinta-feira (13), a produção não poupa esforços em desmistificar o imaginário da apresentadora infantil, hoje com 60 anos, que atingiu um sucesso meteórico na década de 80 e 90, sendo adorada por “baixinhos” e adultos.

A pré-estreia da obra, ocorrida na segunda-feira (10 de julho), no Rio de Janeiro, contou com a presença tanto de artistas, amigos e familiares próximos a Xuxa quanto de personalidades fundamentais para sua história, tal qual Sérgio Mallandro, com quem a estrela teve um relacionamento amoroso, e algumas ex-paquitas, a exemplo de Ana Paula Almeida. Marcaram presença também nomes como Bárbara Paz, Fabiana Karla, Adriana Bombom, Bárbara Borges, Iran Malfitano e Renata Capucci. 

O cenário, que dedicou um corredor às vestimentas memoráveis da artista em diversas passagens, seja pelo Xuxa Park, Xou da Xuxa ou Planeta Xuxa, priorizou a estética colorida inerente de seu universo. Trajada com um look da marca Fendi, Xuxa, acompanhada de sua cadelinha Doralice e de seu namorado, Junno Andrade, esbanjou a simpatia que lhe é característica, reservando um tempo para as perguntas da imprensa, respondendo-as de forma espontaneamente franca.

Crédito: Reginaldo Teixeira

Um dos principais pontos a serem esclarecidos, motivos igualmente de maior curiosidade, se deve à relação conturbada da apresentadora com Marlene Mattos, sua ex-agente e manager. Entretanto, Xuxa afirma que permitiu a entrada da empresária no documentário após o pedido de Pedro Bial.

“Eu pensei, pensei bastante. Mas acho que eu mudei bastante, e eu queria ver essas mudanças. E foi um pouco decepcionante quando eu não senti isso, mas foi válido, muito válido”.

A repercussão das condutas da apresentadora para com as crianças envolvidas em seus programas, necessitou de explicações, embora tratadas com leveza, por parte de Xuxa, visto o reconhecimento de que atualmente seriam falas inapropriadas. Segundo ela, a obra, devido a pesquisa e demonstração de arquivos, fez com que houvesse um choque entre o que era a Xuxa antes e o que é hoje. “O que se passava na cabeça dessa pessoa?”, questionou, referindo-se a si mesma.

“Peço desculpa para todas as crianças que cresceram comigo. Eu não estava preparada, juro que não estava. […] Como não me pararam?”

E continuou: “Eu não estou pedindo desculpa só por pedir; eu peço desculpa do fundo da minha alma para essas crianças. Eu era uma pessoa com muitos equívocos. Eu sei que todo mundo fazia isso na época, mas não era eu. Eu não fui preparada para estar ali”.

Além das desculpas para os “eternos baixinhos”, a artista ressaltou sua falta de preparo para lidar com o público infantil, levando em consideração suas declarações e até as músicas que punha nas atrações. Porém, a ideia de inclusão, difundida majoritariamente nos tempos vigentes, era praticada por ela de maneira natural. 

“Quando eu fiz aquela música do abecedário, pensei que ficaria com cara de tia, de professora. Por isso resolvi incluir a linguagem de sinais. […] Eu tive que estudar muito, pegar muitos livros de fora para estudar o que as crianças aqui do Brasil pudessem gostar.”

Aproximando-se de um dos mais polêmicos tópicos abordados na produção, a acusação de pedofilia no longa-metragem Amor Estranho Amor (1982), Xuxa garante que não rondaram apenas fake news sobre o acontecimento, e sim comentários maldosos, a fim de feri-la em uma época de imaturidade de sua parte. “As pessoas que também estavam comigo, não tinham preparo, não sabiam como lidar. […] Então, as pessoas não veem como ficção, não veem a história do filme. É sobre a exploração sexual tanto da criança, quanto do adolescente. E está lá neste filme. O que me machuca mesmo é a ignorância.” 

Ainda que exponha assuntos há muito vistos como tabus na carreira da artista, o documentário foi capaz de trazer à tona o reconhecimento de uma nova Xuxa. A virada de chave, de acordo com a apresentadora, foi o nascimento de Sasha, fato que transformou seu olhar sobre o tratamento das crianças. Além disso, a hora do parto, assistido e filmado por mais de 18 indivíduos, consagrou-se como o momento mais emocionante da obra. 

“Eles colocaram algumas dessas imagens para eu, Sasha e João vermos, e eu fiquei bastante chocada por nunca ter visto. E eu explicando para a Sasha, ali ao lado, o que estava acontecendo. Foi uma surpresa para mim, muito emocionante.”

Crédito: Reginaldo Teixeira

No primeiro dos 5 episódios semanais, ‘Xuxa: O Documentário’ analisa a evolução de modelo anônima à ícone nacional – e, mais tarde, internacional – de Xuxa, que alcançou o estrelato descartando qualquer formação ou aviso prévio. O fanatismo pela artista é exibido à nível quase patológico, no qual fãs arriscavam sua integridade física a fim de um “pedaço” da Rainha dos Baixinhos.

Ao decorrer da série, o esperado reencontro de Marlene e Xuxa, a infância no Rio Grande do Sul, a expansão da artista para outros países, os relatos de abuso (que sofreu dos 3 aos 13 anos) e a visita de nomes como Michael Jackson e John F. Kennedy Jr. são expostos na íntegra.

Xuxa: O Documentário

Direção: Pedro Bial

Roteiro: Camila Appel

Participantes: Xuxa Meneghel, Sérgio Mallandro, Renato Aragão, as ex-paquitas Andrea Veiga, Letícia Spiller, Tatiana Maranhão, Sandra Lorencini, Luiza Brunet, Michael Sullivan etc.

Produção: Globoplay, Conversa.doc e Endemol Shine Brasil

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