Nas produções hollywoodianas, constantemente, os super-heróis são mostrados como “deuses” ou apenas “lutadores”, em histórias de pouco roteiro e muitos efeitos especiais. Porém, já imaginou como um destes defensores funcionaria em um ambiente mais próximo da realidade? Sob esta premissa, o cineasta brasileiro Elvis delBagno decidiu criar a sua versão do Homem-Morcego, em Um conto de Batman: Na Psicose do Ventríloquo, fan film lançado em setembro de 2014 e já disponível online (veja abaixo!).
Para delBagno, o ousado projeto começou em 2008, com sua formação no curso de Cinema, isto é, exatamente o período em que O Incrível Hulk e Homem de Ferro chegavam às telonas. “Sentia falta da filosofia que estamos acostumados a ver nas HQs”, contou ele, que, ao perceber uma falha nos longas-metragens em circuito comercial, “resolveu se arriscar”. Ao minimizar os custos do uniforme do Guardião de Gotham sem prejudicar a estética do filme, o cineasta pôde trabalhar o que priorizava: o roteiro.

Na trama, Batman (Lorenzo Martin, de Viver a Vida) investiga uma fábrica suspeita de alterar os medicamentos enviados ao Asilo Arkham (prisão de vilões insanos). Recebendo os conselhos do mordomo Alfred (Amaral Andrade, de O Negócio), o vigilante descobre que os antagonistas por trás da operação são o Ventríloquo (Caetano Martins) e Scarface (Anderson Haag). Além do conflito, a obra narra como cada um dos personagens chegou até ali, através de explanações sobre os problemas políticos, econômicos e sociais de uma Gotham City muito semelhante ao Brasil.
Sendo assim, delBagno quis mostrar que, enquanto Bruce Wayne se tornava o Batman, outras pessoas carregavam traumas similares e não tiveram o mesmo tipo de desfecho. “Esse foi o tema inicial. Achei que chamaria atenção diante de tantos outros fan films”, disse. Para detalhar os efeitos da cidade em seus habitantes, Elvis propôs ritmo cadenciado ao longa e recorreu à habilidade de atores com experiência no teatro. Entretanto, o cineasta relatou dificuldades para manter o elenco. “Tive que realizar casting até o último ano de filmagem, pois muitos artistas desistiram.”

Após investir cerca de R$ 80 mil e dedicar quatro anos às gravações de Um conto de Batman: Na Psicose do Ventríloquo, Elvis delBagno alcançou premiações internacionais. “O mais importante, para mim, foi um prêmio que não ganhei. Era uma indicação a melhor direção no Scare-A-Con”, afirmou. Em território nacional, o rapaz revela que o filme não agradou aos festivais. “Espero que seja visto agora [online] e, quem sabe, estudado por um público que note suas mensagens”, almeja.

Com Bob Dylan, Pink Floyd e Raul Seixas na trilha sonora e participações do Chapeleiro Louco e da Arlequina, Um conto de Batman: Na Psicose do Ventríloquo pode ser assistido aqui:
Leia também:
Bate-papo com Elvis delBagno, diretor de Um conto de Batman: Na Psicose do Ventrículo