The Road Ahead faz jus à saga Um Lugar Silencioso

A Quiet Place: The Road Ahead, Um Lugar Silencioso
Foto: Stormind Games/Saber Interactiver

Como um bom fã de histórias apocalípticas, Um Lugar Silencioso é uma das franquias que não pude deixar passar. A invasão de criaturas sensíveis a qualquer ruído, dirigida por John Krasinski, se tornou um dos melhores do estilo, inovando com foco nos mínimos detalhes. Para a felicidade dos fãs, A Quiet Place: The Road Ahead faz jus a saga aterrorizante, superando até mesmo os longas mais recentes.

Das mãos da Stormind Games e publicado pela Saber Interactive, o jogo de Um Lugar Silencioso brilha com sua história e mecânicas centrais, mesmo que às vezes peque em repetição e ritmo.

Em A Quiet Place: The Road Ahead, acompanhamos Alex, uma estudante com asma, e seu namorado, Martin. O casal se encontra em um abrigo improvisado em um hospital junto de familiares e outras pessoas. A história de fato começa quando os dois saem escondidos atrás de suprimentos e encontram um mapa para um acampamento militar.

Com essa premissa, o game tem uma história interessante, principalmente em sua primeira metade. O título consegue acompanhar o forte início do primeiro filme da franquia, e intriga em boa parte dessa jornada.

Como mencionei, Alex, a protagonista, tem asma. E, claro, isso é um baita problema nesse tipo de apocalipse — mas vamos falar mais sobre isso daqui a pouco.

O silêncio exige paciência

A Quiet Place: The Road Ahead segue uma estrutura bem linear e o looping gira em torno de chegar do ponto A ao B enquanto tenta fazer o menor barulho possível. Ao passar pelas fases, é comum se pegar revivendo o conto de Sísifo, já que o looping do jogo é um pouco monótono e exige muita paciência.

Cada fase é dividida basicamente em três etapas: momentos solo, encontros com as criaturas e flashbacks que ajudam a expandir a história e introduzem novas mecânicas.

Num apocalipse como esse, qualquer barulho, por menor que seja, pode ser o seu fim. Espere muitos obstáculos para chegar aos destinos. Eles vão de destroços, cacos de vidro, folhas, grama e latinhas quem diabos espalha tantas latinhas por aí?

Tudo tem que ser feito na maior cautela possível, como o simples ato de abrir uma porta ou puxar gavetas. Aí que mora o inevitável ritmo lento, que não é necessariamente algo ruim, mas vai exigir muita paciência de quem for tentar se aventurar aqui.

Ficando em silêncio

Para contornar o barulho, Alex criou um aparelho chamado Fonômetro, que sinaliza os sons do ambiente e os ruídos que fazemos enquanto agimos. Para passar despercebidos pelos inimigos, temos que fazer de tudo para que nossos sons não sejam mais altos do que os do ambiente, sendo uma forma de identificar se estamos ou não em risco. Você vai saber se ao andar sobre uma possa de água, você está fazendo menos ou mais barulho que árvores balançando com o vento.

Temos outras opções para explorar, mas que acabam chegando um pouco tarde. Um bom exemplo são os icônicos sacos de areia, destacados nos filmes, essenciais para evitar barulhos enquanto andamos por superfícies comprometedoras. Em A Quiet Place: The Road Ahead temos acesso a esse recurso, mas no meio do game, praticamente.

A Quiet Place: Teh Road Ahead
Foto: Stormind Games/Saber Interactive

O mesmo vale para as famosas garrafas e tijolos, vistos em The Last of Us, por exemplo, que têm a mesma função de distrair os monstros ou progredir nas fases.

No modo normal, senti que mesmo fazendo alguns barulhos mais altos do que o ambiente, não foi o suficiente para chamar atenção das criaturas. Isso deve mudar no modo difícil (boa sorte, se essa for sua escolha).

Exploração não é o foco de A Quiet Place: The Road Ahead

Caso você queira fazer todas as conquistas, ou entender um pouco mais da história e contextos dos lugares, até vale a pena tentar explorar os ambientes. Mas geralmente, tentar explorar um pouco mais pode te colocar em saia justas diversas vezes – e isso significa quase morte.

A narrativa também se sobressai ante a exploração. Se você precisa seguir o caminho A para a história andar, você não conseguirá explorar uma área, caso tenha deixado algo para trás, mesmo tendo acesso físico a ela. Poderiam ter feito essa progressão de formas melhores, não apenas criando um muro invisível nos forçando a voltar para a rota obrigatória.

No fim, a exploração dá uma sensação de risco e recompensa baixa, exceto no caso de Alex quando está entrando em uma crise.

Asma de Alex é a cereja do bolo em A Quiet Place: The Road Ahead

Um dos principais diferenciais do game para outros do estilo, e uma característica assustadora de quem vai passar por um apocalipse silencioso, é que Alex tem asma. Apesar do péssimo contexto aqui, esse é um dos pontos altos de A Quiet Place: The Road Ahead e faz toda a diferença, tanto na gameplay como para o contexto e a história.

Ao realizar algumas ações, como estar perto de uma criatura ou em um local com muita poeira, a asma de Alex vai piorando rapidamente. É possível remediar isso usando inaladores, que podem ser carregados por Alex, ou pegar medicamentos ao explorar (embora estes não possam ser carregados).

Caso você não consiga usar nenhuma dessas opções, terá que passar por um minigame de Quick Time Event. Ao acertar com êxito, a crise passa e Alex volta a sua condição normal.

Acertar um pouco fora do timing evita com que a personagem tenha uma crise, mas ela terá outra muito em breve. Cada vez que passamos consecutivamente por esse minigame ele fica mais rápido e difícil de acertar. Já em caso de falha, é game over. Então, use os inaladores com muita sabedoria.

Além de trazer algo novo, a mecânica de asma chega com uma quebra de ritmo e aumenta a tensão em A Quiet Place: The Road Ahead. Tudo o que você mais quer quando está a beira de uma crise é sair correndo para achar alguma cura, ou abrir portas de maneira brusca e dar o fora dali o mais rápido possível.

Mas estamos falando de Um Lugar Silencioso, então qualquer barulho fora do normal é sinônimo de morte. Essas situações aumentam ainda mais a tensão que esse gênero de jogo já traz, e é o que vamos passar por boa parte do game.

Tensão em silêncio

Apesar dos seus momentos, A Quiet Place: The Road Ahead não é um jogo sobre sustos, mas sim sobre tensão. É sobre ouvir uma moita sacudindo ou entrar em pânico ao derrubar uma maldita latinha.

Estamos falando de um Survival Horror (gênero que divide opiniões), porém, não espere pegar uma arma e enfrentar seus inimigos.

Deixando bem claro, você não vai ver um Resident Evil aqui, mas sim um Outlast, talvez. Isso pelo simples fato de não termos qualquer chance de embate direto contra as criaturas. Nossa única saída, na maioria das vezes, é usando de elementos de stealth ou outras mecânicas baseadas em Um Lugar Silencioso. Traduzindo: o bom e velho esconde-esconde que prende nossa respiração em momentos complicados.

A Quiet Place: The Road Ahead
Foto: Stormind Games/Saber Interactive

Veredito – A Quiet Place: The Road Ahead vale a pena?

Ainda que A Quiet Place: The Road Ahead tropece um pouco com a narrativa e se torne repetitivo, ele cumpre a proposta de ser uma boa adaptação do universo de Um Lugar Silencioso. Com fones de ouvido, o jogo entrega uma experiência imersiva, quase sensorial, em que qualquer ruído faz o coração disparar.

Quando você terminar de jogar e tirar os fones de ouvido (por favor, jogue com fones de ouvido!), pode se pegar evitando barulhos na vida real, de tão excruciante que é a experiência.

A história de Alex traz uma boa dose de tensão, que fica na mente até depois de terminar a jogatina. Gostaria muito de ver um longa sobre a jornada da personagem e companhia, principalmente depois dos dois últimos filmes medianos.

Também não poderia deixar de notar a performance do jogo, que apresentou problemas de quedas de FPS bruscas, principalmente nas transições entre cutscenes e gameplay. Vale ressaltar que jogamos em um Xbox Series S, então talvez você não tenha problemas com consoles mais potentes ou um PC mais parrudo.

Pontos positivos

  • Elemento do silêncio bem incorporado na gameplay;
  • Mecânica de asma original e definidora;
  • Tensão exponencial;
  • Foco em estratégia e stealth;
  • História interessante.

Pontos negativos

  • Um pouco de repetição;
  • Mecânicas introduzidas tarde demais;
  • Exploração não recompensa ao mesmo nível do risco;
  • Quedas de FPS bruscas.

Detalhes

  • Onde jogamos: Xbox Series S
  • Tempo de jogo: 12h49
  • Versão analisada: v1.0.0.8
  • Gamertag: Cavalheiro#1502
  • Também disponível em: PlayStation 5 e PC

*Chave fornecida pela Saber Interactive

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