The Plucky Squire e o problema em três dimensões

Foto: All Possible Future/Devolver Digital

Desde o seu anúncio, The Plucky Squire chamou a atenção de muitos jogadores. Sua arte única e mecânicas criativas, principalmente a que nos permite transitar entre os planos 2D e 3D, colocaram o game entre os principais jogos de 2024. Mas será que a história de Pontinho, o escudeiro valente, correspondeu às expectativas?

Para responder essa dúvida, nós do Boletim Nerd tivemos a oportunidade de jogar The Plucky Squire e compartilhar o que achamos sobre o game.

The Plucky Squire: dos livros ao 3D

Em The Plucky Squire, acompanhamos a história do personagem Pontinho, o escudeiro valente, um herói lendário que protagoniza um livro infantil que dá nome ao jogo. Essa premissa acaba sendo a base de toda a jornada, já que a história, o design dos personagens e até a dificuldade têm um tom mais infantil.

Embora qualquer jogador possa se sentir acolhido pelas aventuras de Pontinho, o título é especialmente recomendado para um público mais jovem.

Com um elenco de figuras divertidas, narração de ninguém menos que Mauro Ramos (Shrek) e uma história leve, The Plucky Squire traz mecânicas criativas e resgata elementos nostálgicos de clássicos dos videogames.

A arte é um ponto essencial que liga tudo o que citei acima. Cenários, personagens e interface têm um estilo visual que impressiona e prende a atenção, especialmente nas seções 2D, onde a estética brilha mais do que no 3D, como em quase todo o jogo.

The Plucky Squire
Foto: All Possible Future/Devolver Digital

Dose dupla de criatividade

The Plucky Squire dá uma verdadeira aula de criatividade, seja em seu combate, que muda bastante ao longo da jogatina, ou outras interações com o mundo de Pontinho. Para quem já jogou alguns games 2D da franquia The Legend of Zelda, vai ser difícil não se lembrar das aventuras de Link enquanto desbravamos as terras ameaçadas por Enfezaldo, o antagonista do escudeiro.

Temos um leque razoável de habilidades com espada, que podemos adquirir ou aprimorá-las com as ‘moedas’ do jogo. As opções englobam ataques carregados, lançamento de espada e golpe aéreo, que são bem úteis e versáteis. Contudo, não senti muita diferença fazendo os upgrades de cada habilidade. Claro, o dano desses golpes aumentava, mas as melhorias foram quase imperceptíveis.

Ainda no plano de duas dimensões, temos uma variação bem grande das fases e mecânicas base. Vai desde um jogo de plataforma 2D a puzzles no estilo do indie Baba is You, onde ao mudarmos algumas palavras de certas frases espalhadas pelo mundo, conseguimos alterar o ambiente e progredir na história.

Mecânicas secundarias são passageiras (até demais)

Mas se temos que falar em criatividade, precisamos comentar sobre as mecânicas secundárias e minigames de The Plucky Squire. Em certas partes do jogo, experimentamos mudanças drásticas na forma que jogamos, como no Jogo do Ano de 2021, It Takes Two. Jogadores mais retrô vão se sentir especialmente representados aqui. 

Esses minigames tem inspirações na franquia Punch Out!!, RPGs e Shoot ‘em ups (ou jogos de navinha, como preferir). Também temos seções generosas, como arco e flecha ou então desafios de ritmo, que tornam a jogatina menos monótona e mais divertida.

O grande problema dessas mecânicas secundárias é que elas duram muito pouco e acabam não se aparecendo com frequência. Parece que saboreamos rapidamente, como um aperitivo, mas o prato principal com essas mecânicas nunca chega de fato. No final, elas deixam uma sensação de potencial desperdiçado.

The Plucky Squire
Foto: All Possible Future/Devolver Digital

Seria o 3D o verdadeiro vilão?

Partindo para o coração de The Plucky Squire, temos a transição entre 2D e 3D, que ocorre em algumas áreas pré-determinadas por meio de portais. Fora do livro, é possível interagir com as páginas, inclinando-as para movimentar plataformas, por exemplo, ou revisitando fases antigas

A pedra no sapato de The Plucky Squire é, definitivamente, as áreas em que jogamos em 3D. Entre os problemas que enfrentamos, estão quedas frequentes de fps, travamentos e baixa resolução. Vale ressaltar que experimentamos o game no PC e no Nintendo Switch, e em ambas as plataformas tivemos problemas. Essas falhas técnicas e de otimização prejudicaram muito a gameplay e destoam do resto do jogo, tanto artisticamente quanto em jogabilidade.

Além disso, os níveis em três dimensões são muitas vezes monótonos, sem sal e aquém do que experimentamos no livro. Tanto que nessas áreas, as melhores partes são as que transitamos, por meio de portais, para canecas, ilustrações e papéis, tudo em 2D. Até a arte, que é um dos pilares de The Plucky Squire, desaparece no 3D.

A cereja desse bolo amargo de problemas foi um bug em uma missão da etapa 3D que acabou comprometendo nosso save e impediu a progressão da história. Mesmo com histórico de salvamento, não foi possível resgatar o save, o que acabou sendo a pá de cal para The Plucky Squire.

Veredito: The Plucky Squire é bom?

Apesar de uma qualidade extrema nas partes em 2D, The Plucky Squire peca muito tecnicamente nos níveis 3D, além de apresentar mecânicas incríveis apenas para sumir com elas em cinco minutos.

Porém, o título mostra o potencial do estúdio All Possible Future e abre caminho para melhorias em projetos futuros. Por fim, não conseguimos ignorar os problemas do game e a quebra de expectativas para o que seria um dos nossos jogos do ano.

Pontos positivos

  • Arte única;
  • História e personagens leves e divertidos;
  • Mecânicas criativas;
  • Variedade de gameplay.

Pontos negativos

  • Níveis em 3D monótonos e abaixo do restante do jogo;
  • Mecânicas secundárias muito curtas;
  • Otimização e problemas técnicos;
  • Bug que impediu progressão.

Detalhes

  • Onde jogamos: Nintendo Switch e PC
  • Tempo de jogo: 7h50
  • Também disponível em: PlayStation 5 e Xbox Series X|S


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