The Last of Us: o risco de uma pandemia de Cordyceps

The Last of Us- uma pandemia fúngica poderia acontecer?

A primeira temporada da série The Last of Us chegou ao fim. Com uma segunda temporada já confirmada pela HBO Max, Joel (Pedro Pascal), Ellie (Bella Ramsey) e novos infectados já têm seus retornos confirmados.

E, para quem curtiu a saga, uma curiosidade interessante é saber que o fungo Cordyceps (que ocasionou o apocalipse) existe na vida real e também “zumbifica” insetos para sobreviver.

Realidade x ficção

Sendo assim, questionamos o Dr. Fabiano de Abreu, jornalista e pós-doutorado em neurociência pela Universidade da Califórnia, se uma possível evolução do Cordyceps seria capaz de infectar humanos, tal como na série. E ele explicou sobre o que é ficção e o que, de fato, poderia acontecer.

Se eu disser que é possível, alguns colegas vão discordar de mim. Se eu disser que é impossível, estou me enganando como cientista. Mas posso afirmar que é improvável”, comentou o especialista, em relação aos fungos evoluírem graças ao aquecimento global – argumento usado no streaming.

“O aumento da temperatura global pode sim aumentar as doenças fúngicas em humanos e torná-las mais graves. O fungo Cordyceps, que afeta a formiga, não infecta humanos e esse seria o mais provável para a formação de zumbis”, afirmou.

Ainda sobre como o fungo se comporta na série, no segundo episódio, a personagem Tess (Anna Torv) explica que o Cordyceps cresceu tanto ao ponto de criar conexões subterrâneas, interligando pontos para se comunicar a distância. O curioso é que esse tipo de interação existe na vida real.  

“[Fungos] são formados de um emaranhado de pequenos filamentos conhecidos como micélio que formam uma “rede” que ajudam a conectar, por exemplo, plantas, no mesmo solo. Ou seja, se basear numa rede que já acontece naturalmente”, detalhou Abreu. 

Outro elemento que ajudou a criar o clima dramático e pessimista na ficção é o fato de que não haveria uma cura para frear o avanço do Cordyceps, com o extermínio de áreas afetadas sendo o único meio de conter o fungo.  

Na vida real, em caso hipotético de o Cordyceps passar a infectar humanos, o entrevistado diz que, caso acontecesse, “uma cura seria sim possível”. Contudo, celeridade seria fundamental no combate ao fungo.Há tratamento para infecções do tipo fúngicas em humanos. Mas, se fantasiarmos um Cordyceps em humanos ou uma mutação fúngica que afete nosso sistema nervoso, creio que teriam que correr logo para encontrar a cura”. 

Uma cura poderia existir

Sobre o elemento chave da série, a personagem Ellie e sua imunidade a infecção do Cordyceps:

“Os fungos em humanos tem relação com a imunidade, fungos na pele, por exemplo, pode surgir devido a imunidade baixa. Uma estratégia para prevenir a resistência aos antifúngicos, por exemplo, é melhorar as funções imunológicas dos hospedeiros imunocomprometidos. Em estudos, várias citocinas, incluindo quimiocinas e fatores de crescimento, provaram ser benéficas em infecções fúngicas experimentais e humanas. Também as pesquisas genômicas com sequenciamento dos genomas dos patógenos, mas isso seria mais para a busca da cura. Então, também coloco como improvável, mas não impossível numa ficção, ela ter uma imunidade e genes que auxiliam para que ela tenha imunidade. E a cura.” 

Mesmo que num cenário apocalíptico, poderia haver alguém capaz de resistir à infecção e, assim, produzir uma cura. Mas seria necessário uma série de fatores para que isso pudesse acontecer: “Ela poderia ter genes e uma imunidade que neutralizem os efeitos tóxicos do fungo. O que poderia auxiliar na busca da cura.”

Após a série, as pessoas passaram a ficar receosas com relação aos fungos. Abreu ressalta que o reino Fungi é fundamental para a manutenção da vida no planeta, sendo inclusive usado na produção de alimentos e no tratamento de doenças. “Só para se ter uma ideia, eles produzem moléculas que os humanos ainda não conseguem produzir em laboratório. Então, para deixar os fãs da série animados, posso alertar para a frase comum de que: o que nos dá vida também pode tirar.”

Outra curiosidade: há cerca de 360 milhões de anos atrás, os fungos erguiam-se sobre a paisagem. Prototaxites eram megafungos com 8 metros de altura, ressaltou o especialista.

A primeira temporada de The Last of Us teve sua season finale exibida na HBO Max em 12 de março. A segunda temporada ainda não tem previsão de estreia, porém, suas filmagens devem começar em breve. 

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