Quatro anos após a última temporada, True Detective: Terra Noturna estreou em janeiro na HBO e na HBO Max – streaming que se chamará apenas Max a partir de terça-feira (27). Como contamos no período da CCXP23, a quarta temporada da série de investigação teve Jodie Foster e Kali Reis como dupla de protagonistas. Além disso, a diretora mexicana Issa López assumiu o comando da produção – e já foi confirmada para retornar no quinto ano da atração.
Composta por seis episódios de aproximadamente 1h de duração, a narrativa se passa na cidadezinha de Ennis, no estado do Alasca (EUA). A região passa por um fenômeno singular, que é um período de completa escuridão iniciado em dezembro. Para tornar o cenário ainda mais sombrio, oito homens que operam a Estação de Pesquisa Ártica de Tsalal desaparecem sem deixar vestígios. Ou seja, cabe às detetives Liz Danvers (Foster) e Evangeline Navarro (Reis) desvendar o caso.
Machismo e corrupção
Além de sete corpos congelados na neve, as oficiais têm como pista a língua de Annie Kowtok (Nivi Pedersen), brutalmente assassinada anos antes por protestar contra a poluição da fábrica de mineração Silver Sky. Mas, como explicar a relação entre uma crime e outra para uma comunidade que, em muito, depende da indústria para geração de emprego e renda? Embora as manifestações ambientais sejam recorrentes na trama, os impactos na água e nas gestantes são mostrados discretamente.
Com isso, “True Detective: Terra Noturna” vai construindo um clima de isolamento para Danvers e Navarro, sem contar com os recursos limitados que a cidade possui em pleno breu. Ao olhar para outros policiais, como Hank Prior (John Hawkes), elas encontram apenas desdém e menosprezo, para dizer o mínimo. Desta forma, o seriado traz para discussão pautas como machismo e a importância do ativismo nas comunidades, enquanto a conspiração vai tomando conta do clima.
Investigação paranormal
É bem verdade que a primeira temporada, estrelada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, flertou com o sobrenatural. Em anos seguintes, o criador da série, Nic Pizzolatto, acabou descartando o lado místico de suas histórias. Porém, na história escrita por López, há a retomada dessa abordagem. Logo no episódio inicial já é possível sentir o clima de terror paranormal, que é estimulado capítulo após capítulo, em especial no que conclui “Terra Noturna”.
Isso gera desconforto para quem já havia aceitado a pegada puramente policial de True Detective, mas também provoca uma sensação de volta às origens.
Relação de amor e ódio
Ao longo da exibição, os fãs questionaram o uso de elementos dos primórdios da saga, como a espiral. No desenvolver da temporada, a sequência de becos sem saída e a utilização do sobrenatural como solução conveniente também pesaram contra “Terra Noturna”. Ainda mais por conta do número limitado de capítulos – são dois a menos do que as temporadas anteriores –, que faz o enredo parecer lento na primeira metade e acelerado demais na segunda.
Por outro lado, como pontos positivos, estão as protagonistas. Enquanto Liz Danvers carrega não só traumas familiares, como um histórico complicado no cumprimento da lei, e se torna extremamente carrancuda e obcecada pelo trabalho, Evangeline Navarro procura reaver conexões com suas raízes indígenas, algo que passa pela investigação mal resolvida sobre a morte de Annie. O carisma individual das duas pode ser fraco, mas a interação (entre rusgas) como dupla faz valer a pena.
No fim das contas, é uma temporada de altos e baixos, mas que navega na linha tênue entre o novo e o familiar para True Detective.