O que forma uma super-heroína: ajudar a quem precisa? Possuir força para superar tragédias? Ser forte o bastante para deixar para trás um relacionamento abusivo? Jessica Jones é capaz de tudo isso, assim como qualquer mulher. Por isso, após sua impactante 1ª temporada (leia o review), a segunda temporada de Jessica Jones não poderia fazer o mesmo. Com todos os seus 13 episódios assinados por diretoras, a novo ano da série original apostou numa trama mais sensível, focada na mente, no coração e nos relacionamentos de sua protagonista.
Uma estreia especial para o Dia Internacional da Mulher (uma vez que os capítulos inéditos foram disponibilizados na Netflix em 8 de março), o programa inspirado nas histórias em quadrinhos Alias – com roteiro de Brian Michael Bendis e arte de Michael Gaydos –, da Marvel, acompanha o dia a dia de Jessica Jones (Krysten Ritter, de Breaking Bad) após ter conseguido sair da influência de Kilgrave (David Tennant, de Harry Potter e o Cálice de Fogo). Agora, a moça tenta lidar com tudo o que tem passado, para enfim poder seguir em frente.
Depois de suas aventuras com Os Defensores, Jessica Jones volta a concentrar suas atenções em bebidas alcoólicas, sexo casual e em sua vida profissional como detetive particular na Codinome Investigações. Enquanto fatura ao cobrir casos de adultério com seu novo sócio, o vizinho e amigo Malcolm Ducasse (Eka Darville, de The Originals), Jessica se junta à Trish Walker (Rachael Taylor, de ARQ), sua irmã adotiva e radialista, na busca por pistas que levem até a organização secreta IGH, cujos experimentos deram superpoderes a Jessica Jones.
Sem um vilão clássico a quem combater, Jones se depara com uma mulher misteriosa chamada Alisa (Janet McTeer, de A Mulher de Preto), dotada de habilidades sobre-humanas, cujo passado nebuloso e presente sob o controle de um homem a conectam diretamente a Jessica Jones. Na trilha de uma bizarra série de assassinados ligados ao nome da IGH e também do geneticista Dr. Karl Malus (Callum Keith Rennie, de The Man in the High Castle), a heroína se encontra muito mais próxima de desvendar suas origens do que jamais imaginou.
Fugindo de estereótipos, a 2ª temporada de Jessica Jones apresenta um enredo mais fluído, que, mesmo sem tantos acontecimentos, é capaz de cativar o público com uma trama de mistério que remete às primeiras edições das HQs “Alias”, publicadas em 2001. A atração nem por um minuto deixa de manter uma atmosfera de suspense, conspiração e drama psicológico, que a tornam diferente de Demolidor, Luke Cage, Punho de Ferro e O Justiceiro. Além disso, predomina um clima intimista, que permite ao espectador ouvir os pensamentos de Jessica.
Ao evitar o rótulo de “série de super-herói”, Marvel’s Jessica Jones dedica-se desenvolver os relacionamentos de sua protagonista, seja com a melhor amiga, que secretamente a inveja pelos superpoderes, com seu sócio e com dois elementos inéditos: o zelador Oscar Arocho (J.R. Ramirez, de Arrow) e o investigador Pryce Cheng (Terry Chen, de The Expanse). Ou seja, à medida que lida com os rumos inesperados de Trish e Malcolm, Jessica também encontra um interesse amoroso e um ambicioso concorrente que deseja roubar seus clientes.
Feminina e inteligente, a segunda temporada de Jessica Jones tem autenticidade ao apresentar uma narrativa singular, finalmente consegue explorar toda a complexidade da personagem principal desde seu passado e ainda “dá vida” a personagens periféricos, o que é bastante interessante e funciona para envolver em subtramas. Marca forte do título, Jessica Jones também milita pelo empoderamento feminino, batendo forte no assédio e abuso sexual.