Sucessor espiritual da icônica A Queda de Murdock, o arco Demolidor: Diabo da Guarda aborda a fé de Matt Murdock, vulgo Demolidor. Com roteiro assinado por Kevin Smith (diretor de Barrados no Shopping e O Balconista) e as ilustrações de Joe Quesada (chefe criativo da Marvel), a trama, publicada entre as edições 1 a 8 de Daredevil (vol. 2), de 1998 e 1999, explora os conflitos internos do super-herói de Hell’s Kitchen, por meio de uma narrativa envolvente, dinâmica e que mantém o suspense até as páginas finais.
Diante de uma conspiração obscura que adentra a Cozinha do Inferno, Murdock se vê frente a uma situação improvável, capaz de testar as crenças do personagem criado na doutrina católica e até mesmo colocar seus supersentidos à prova. Sendo assim, o alter ego do Demolidor precisa decidir se acredita que o bebê carregado pela garota chamada Gwyneth (moça que alega ter sido guiada por um anjo) é realmente o “Salvador” ou se representa a reencarnação do “anticristo”.
Misterioso, o roteiro prende o leitor ao não dar pistas sobre o que de fato está acontecendo, jogando com os fãs e com o protagonista, pois insere supostos agentes do Bem e do Mal, apresentando explanações convincentes sobre o nenê. Além disso, outras tribulações assolam a vida do advogado Matt Murdock, como o rompimento com Karen Page e as acusações de assassinato sofridas por seu sócio e melhor amigo, Franklin ‘Foggy’ Nelson.
Funcionando como uma homenagem à saga A Queda de Murdock e ao trabalho de Frank Miller nas HQs do herói, Demolidor: Diabo da Guarda relembra as origens do vigilante de Hell’s Kitchen e tem as participações de figuras famosas no universo do Demolidor, a exemplo da Viúva Negra (aliada e ex-namorada, que auxilia Matt a tomar os caminhos certos), Wilson Fisk (agindo discretamente, porém, de maneira importante), o mortal Mercenário e Tucão.
De linguagem pop e narrativa fluída – devido à experiência de Kevin Smith no cinema –, Demolidor: Diabo da Guarda empolga e emociona pela boa carga dramática, mas, por vezes, peca por seguir alguns rumos de forma abrupta. Responsável por ajudar a reerguer a editora de quadrinhos depois de um período de grave crise financeira, a história, lançada sob o selo Marvel Knights, ainda se destaca pelos contornos góticos da arte de Joe Quesada.