Pobres Criaturas é história infantil para adultos

Carlos Bazela
Pobres Criaturas é história infantil para adultos
Searchlight Pictures

A premissa deriva de um dos plots mais conhecidos do terror: uma mulher morta é trazida de volta à vida por um cientista de métodos macabros utilizando o cérebro do bebê que ela esperava quando morreu. Mesmo tendo o clássico Frankenstein como ponto de partida, Pobres Criaturas, o novo filme de Yorgos Lanthimos (Dente Canino) se assemelha muito mais com um conto da carochinha, daqueles sobre meninas aventureiras desbravando reinos que ouvimos antes de dormir.

Na trama, acompanhamos o desenvolvimento de Bela Baxter (Emma Stone, de Cruella), a pessoa resultante do experimento do médico Godwin Baxter (Willem Dafoe, de Homem Aranha: Sem Volta Pra Casa). Com seu cérebro infantil se esforçando para se adaptar ao corpo de adulta, Bella tem uma curva de aprendizado impressionante e vai de um criança birrenta a uma jovem eloquente nas palavras em pouco tempo. Tudo devidamente documentado pelo assistente de Godwin, o estudante de medicina Max McCandles (Ramy Youssef, de Mr. Robot) que, inevitavelmente, se apaixona pela moça.

No entanto, quando Bella descobre o prazer sexual é quando tudo muda em sua vida. O desejo de sair da casa onde era mantida se mistura com a sua libido em alta e desperta na garota a vontade de viver o mundo. E é o que ela consegue graças ao mal intencionado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo, de Mulher-Hulk). Interessado, a princípio, em apenas algumas noites de prazer – as quais ele consegue tranquilamente – o bon vivant leva Bella para conhecer lugares e pessoas diferentes.

Entretanto, a paixão doentia nutridas pelo homem acabam se tornando uma ameaça ao jeito livre de ser da moça, que não vê outra alternativa a não ser deixá-lo para continuar sua aventura sozinha.

Sexo com sentido

As cenas de nudez e sexo são constantes em “Pobres Criaturas”. Bella não esconde seu desejo, o quanto sente prazer em cada transa e como acaba fazendo disso um caminho para seus objetivos. Entretanto, a naturalidade das mesmas trazem até uma certa pureza, pois se alinham com a sede constante de experiências que a jovem nutre, sendo, ao mesmo tempo, ingênua, mas não inocente.

Essa atmosfera somada com os diversos momentos de humor ácido, que vão do início ao fim, ‘Pobres Criaturas’ está longe de um filme erótico, ainda que recheado de tomadas quase explícitas.

Toda forma de amor

No mais, pode se dizer que o longa de Yorgos Lanthimos aborda o amor em suas mais diferentes formas. Seja no de pai para filha, no fraternal vindo de amigos, no mais libertário e até no doentio, personificado por Wedderburn.

Por falar em amor, é em seus minutos finais, ao conseguir surpreender mais uma vez o espectador por tomar um rumo diferente do que se espera, que o longa brinca mais uma vez com o sentimento, ao desafiar a plateia a não se apaixonar por Bella Baxter.

“Pobres Criaturas” já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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