Os Mercenários foi um verdadeiro evento cinematográfico no distante ano de 2010. O primeiro filme reuniu nomes de peso do passado, como Jet Li e Arnold Schwarzenegger, e os colocou ao lado de astros de ação contemporâneos, como Jason Statham, demonstrando que os brucutus do passado ainda mereciam uma aventura final. Depois de muitas polêmicas nos bastidores, com direito a novo desentendimento entre Sylvester Stallone e o produtor da franquia, Os Mercenários 4 correu risco de sequer acontecer ou, ser feito sem seu protagonista, Barney Ross (Stallone). Mas os dois se resolveram e o filme não só foi feito, como também conta com a presença de Sly, naquela que promete ser sua última participação na saga.
No novo filme, o grupo precisa se reunir novamente para lidar com uma potencial ameaça em escala global: um terrorista chamado Suarto Rahmat (Iko Uwais), que busca roubar ogivas nucleares e forjar um ataque norte-americano à Rússia. Para evitar uma Terceira Guerra Mundial, a equipe precisa agir nas sombras, custe o que custar. O longa sequer perde tempo para estabelecer qualquer profundidade na trama. Na verdade, não é um problema, visto que a produção entende que suas forças são a ação e os astros em tela. O que incomoda é como as próprias qualidades não se traduzem em algo competente. A ação é funcional em cortes rápidos e pouco inventiva. Em meio a conversas travadas, os diálogos contêm muitas frases de efeito.
Renovação falha
Neste quarto capítulo, que está sendo vendido como “um filme à moda antiga”, a ideia da direção foi se aproximar novamente do segundo filme da saga (2012) apostando mais no humor e na megalomania, o que poderia ser fantástico, mas acaba sendo ruim justamente pelo mesmo problema de Mercenários 3 (2014): a reposição de elenco não é boa o bastante. Entre os novatos, o filme falha em trazer rostos relevantes do gênero de ação nos dias de hoje. Os antecessores reuniam passado e presente na mesma equipe. Por outro lado, a escolha de elenco, que inclui Megan Fox, 50 Cent e os menos famosos Jacob Scipio e Levy Tran, deixa a desejar.
Menos Stallone?
No entanto, o maior erro do filme é justamente reduzir Sylvester Stallone a uma participação especial. Você sente que está vendo um filme da franquia “Mercenários” nas cenas que ele aparece. Vilões medíocres, reviravoltas sem peso e a falta de um conflito intrigante criam uma jornada sem sal ou personalidade. Os atores mais velhos parecem estar apenas para cumprir tabela — exceto por Jason Statham.
‘Os Mercenários 4’ não consegue fazer jus ao peso de seu elenco. O filme confunde desleixo com simplicidade e entrega algo mal feito, sem nenhum tipo de conflito intrigante, tensão ou momento marcante. Talvez a franquia esteja certa em questionar o próprio lugar nos dias de hoje e tirar certo proveito, como as interações entre personagens e algumas cenas de ação sangrentas. Os tempos mudaram e o padrão do gênero subiu, graças a John Wick e Anônimo (2021). Para se manter relevante, é preciso fôlego que este quarto filme não demonstra ter.