O mundo depois de nós chegou fazendo tanto barulho que me chamou a atenção, pela promessa de um thriller misturado com ficção científica – dois amores meus. A Netflix ainda anunciou o lançamento da adaptação, com Julia Roberts, Ethan Hawke, Mahershala Ali, Myha’la e Kevin Bacon no elenco. Não pensei duas vezes e então furei mesmo minha fila de leitura para a obra de Rumaan Alan.
Sobre a trama
O livro traz um suspense envolvendo dois casais e um cenário apocalíptico. Amanda e Clay chegam a uma “casa dos sonhos” para passar um período de férias, até que são surpreendidos por G.H. e Ruth que precisaram voltar à casa e a partir de então as duas famílias passam a conviver durante a trama.
Em capítulos intercalados entre as visões dos personagens, o livro aborda questões raciais, diferença de classes e estilo de vida, além de reflexões sobre identidade, moral e ética diante da própria sobrevivência. Tudo misturado em um “suspense psicológico”, que aqui coloco entre aspas porque, na verdade, está mais próximo de uma confusão entre delírios e devaneios.
Análise
A narrativa é excessivamente detalhista sobre pontos pouco úteis, como a utilização de mais de uma página para descrever itens comprados no mercado, ou falar sobre as pegadas no chão, a grama ao redor da piscina… prendendo a atenção do leitor em pontos que não servem para nada. Não são importantes para o mistério, nem ao contexto, tampouco para resolução de alguma situação da história. Isso torna a leitura muito chata e cansativa.
O livro é curto e, quando cheguei próximo dos 75% de páginas lidas, já percebi – pela experiência com livros de suspense e ficção científica – que muitas pontas ficariam soltas, porque não haveria tempo de fechar o conteúdo, e é o que realmente acontece. Muitas questões abertas em meio aos devaneios dos personagens, que ficam soltas pelo ar. Não sei se a intenção era de gerar um suspense, mas só acaba gerando confusão.
Veredito
‘O mundo depois de nós’ perde mais pontos por entregar uma história não linear e que não segue uma sequência coerente. Não entrega o prometido e tem um final bastante decepcionante. Nunca pensei que diria isto, mas espero que a adaptação para as telas seja melhor do que o livro.