O Abraço da Serpente

A Floresta Amazônica faz parte do território 9 países e, em nos 7.584.421 Km² de área total, praticamente é extraído de lá, menos a sua cultura. Então, por que também não explorar o rico folclore e os costumes diversificados dessa região? Com uma bela e profunda história original, o longa-metragem O Abraço da Serpente (El Abrazo de la Serpiente, Colômbia, 2015) aproxima o público da cultura de uma das maiores áreas verdes do mundo, numa aventura grandiosa como as produções hollywoodianas, mas com o DNA sul-americano.

Resultado da curiosidade do diretor Ciro Guerra (As Viagens do Vento) pela Amazônia colombiana e com inspiração nos diários do etnologista alemão Theodor Koch-Grunberg, o filme acompanha o índio Karamakate, um poderoso xamã e último sobrevivente de seu povo. Isolado na selva, o protagonista foi afetado pela solidão, tornando-se vazio de emoções e emoções – ou, como diz ele, um “chullachaqui” (expressão indígena e referência a uma lenda).

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Karamakate (Torres) aceita ajudar o homem branco se ele não desrespeitar a natureza. (Foto: Esfera Filmes)

Por isso, Karamakate aceita embarcar numa jornada mata adentro com o botânico norte-americano chamado Evan (Brionne Davis, de Ray Donovan), que busca ajuda para encontrar a mítica planta Yakruna, para fazê-lo voltar a sonhar. No coração da floresta, passado, presente e futuro se confundem, causando uma reviravolta que apresenta as versões jovem (Nilbio Torres, indígena cubeo) e envelhecida (o índio ocaina Antonio Bolivar) de Karamakate.

Passadas com 40 anos de diferença, as tramas mostram a primeira aventura do protagonista, ao lado do enfermo Theo (Jan Bijvoet, de Borgman) e de seu ajudante, o colonizado conformado Manduca (Yauenkü Migue), e a saga de Karamakate para transmitir o conhecimento ancestral ao rapaz, antes que a sabedoria de sua tribo se perca de vez. Porém, em ambos os períodos temporais nos quais transcorre, O Abraço da Serpente analisa a natureza do homem, critica sua relação com o meio ambiente e expõe a destruição gerada pelo colonialismo.

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Quarenta anos depois, Karamakate (Bolivar) encontra alguém com quem compartilhar a sabedoria de seu povo. (Foto: Esfera Filmes)

Lançado no Brasil pela Esfera Filmes, o longa é narrado em preto e branco, recurso que abdica das cores da Amazônia e, no entanto, consegue oferecer uma experiência imersiva, em que se parece estar diante de acontecimentos reais. Capaz de acumular mensagens fortes e provocar reflexões, O Abraço da Serpente tem boas chances de conquistar o Oscar 2016, na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira.

Daí, surge a pergunta: por que o Brasil não faz filmes assim?

O Abraço da Serpente estreia nesta quinta-feira (25/02).

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