Para aqueles que não sabem, gore é um subgênero do terror focado em representações bastante gráficas de sangue e violência. Já slasher, um termo mais conhecido, diz respeito às tramas em que os personagens fogem de assassinos que, normalmente carregando uma faca, os mata um a um – como Pânico, por exemplo. E, sem sombras de dúvidas, Feriado Sangrento combina ambos os subgêneros de maneira bastante certeira.

Fomos convidados para conferir à primeira exibição do filme na CCXP23, acompanhados do diretor do filme, Eli Roth. Para contextualizar, segundo o próprio diretor, a ideia desse longa-metragem já havia sido proposta vários anos antes, mas ninguém havia comprado… até agora.

A trama

A trama é centralizada em torno do feriado de Ação de Graças. Para nós aqui no Brasil, a ideia desse feriado ainda está um pouco distante, mas a acompanhamos em séries e filmes norte-americanos, o que já é o bastante para entender todo o enredo. Além disso, esta data está muita associada às promoções da Black Friday, que também tem um papel central no enredo.

Um ano após uma sequência de acontecimentos bizarros que levou à morte de algumas pessoas em um dia de Ação de Graças, um assassino veste uma máscara de colono/peregrino e passa a punir pessoas pela tragédia, levando consigo apenas um machado e um sonho (de vingança).

Terror com humor

De forma bem elaborada, ‘Feriado Sangrento’ sabe equilibrar o horror sanguinolento das mortes com o suspense e mistério de quem está por trás da máscara. Enquanto cada morte se propõe a chocar o público com violência explícita e agonizante – mantenha as crianças fora dessa, por favor –, cada novo assassinato faz com que se torne cada vez mais atraente descobrir quem seria capaz de realizar atos tão horrendos.

Ao mesmo tempo, para não se perder em meio à violência extrema e sangue jorrando para todos os lados, ‘Feriado Sangrento’ sabe dosar um pouco de humor na mistura. A partir disso, se mostra exagerado propositalmente, com momentos cômicos pontualmente posicionados na trama, e que acabam funcionando muito bem.

Tal proposta acrescenta um respiro ao filme, dando a leveza necessária para que ele não se torne cansativo e presunçoso demais – ou, como alguns diriam, too much. O título também flerta, assim, com o subgênero trash, ao não demonstrar grande orçamento ou produção e roteiro super bem elaborados, deixando claro que não se pretende levar tão a sério, sendo quase uma grande “brincadeira  de Pânico” no feriado, só que com mais sangue, bizarrices e órgãos à mostra.

Veredito

Porém, mesmo com tamanhas qualidades, ‘Feriado Sangrento’ é insuficiente em alguns aspectos. Dentre eles, o final. A conclusão da trama, mesmo criativa e ressaltando pontos que passaram despercebidos em seu começo, acaba sendo bastante corrido, prejudicando um pouco o clímax: o embate final entre a protagonista e o serial killer.

Por vezes, parece voltado demais à possibilidade de uma continuação, como se estivessem suplicando pela oportunidade de estender a história. Mas uma coisa é certa: continuações de ‘Feriado Sangrento’ em outras datas comemorativas seriam muito bem-vindas.

Desta forma, como um belo prato de ceia, a produção mistura os ingredientes que têm em um produto final bastante saboroso, e que vale ser consumido mesmo com um gostinho final levemente azedo. Para aqueles que procuram um terror com assassinatos, mistério, bom humor e sangue – bastante sangue –, a obra é uma escolha certeira. E, mais ainda, para aqueles que queiram ver a cena de Black Friday mais violenta e sanguinolenta da história do cinema!