Disponível no catálogo do Telecine, Tempo (leia nossa crítica) é o mais recente filme do cultuado diretor M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido e Sinais). E, se com Corpo Fechado (2000), Fragmentado (2016) e Vidro (2019), o cineasta vinha flertando com os quadrinhos, a história de seu novo trabalho realmente teve origem nas páginas de uma graphic novel.
A trama é uma adaptação de Castelo de Areia, criada pelo diretor de cinema e roteirista Frederik Peeters e pelo quadrinista Pierre-Oscar Lévy. Publicada originalmente em 2013, a obra teve sua segunda edição lançada pela Tordesilhas, da Editora Alaúde, em 2021, aproveitando a chegada da produção estrelada por Gael García Bernal às telonas.
Em 112 páginas, a história em quadrinhos acompanha a desventura de um grupo aleatório de turistas que é convencido a desfrutar de uma praia tão isolada quanto paradisíaca. Porém, o que eles não sabem é que o local, por uma estranha formação rochosa, faz o tempo passar de forma muito acelerada. Assim, a vida dos personagens se esvai em questão de horas.
Contemplação da existência
Em preto e branco e com traços cartunescos detalhados para acompanhar o envelhecimento dos protagonistas, a HQ aproveita figuras de idades distintas para refletir o impacto do tempo nas pessoas. Enquanto os mais maduros definham, os jovens descobrem os prazeres da vida adulta. Quem apostou no amor, consegue encontrar conforto nos momentos finais, à medida que aqueles que colocaram suas fichas na estética sofrem com o próprio reflexo.
É uma leitura rápida, mas que bota uma lente de aumento sobre as transições do comportamento humano no tempo de uma vida.