Com direção e roteiro assinados por Mamoru Hosoda (Digimon: O Filme), o anime Belle é atração nos cinemas brasileiros, apresentando uma história emocionante o suficiente para ter sido aplaudido por 14 minutos no Festival de Cannes. Trazido pela Paris Filmes, o filme conta uma versão atualizada de “A Bela e a Fera”, adaptando os dramas dos personagens principais para as dinâmicas da vida online como conhecemos nos dias de hoje.
Com 2h01 de duração, a obra se concentra na adolescente Suzu (Kaho Nakamura), que é tímida e introspectiva offline, mas online se apresenta como a pop star Belle no mundo virtual de chamado “U”. O ambiente virtual funciona como uma espécie de game, em que os usuários se conectam, tendo suas características lidas e transformadas em um avatar condizente com seus traços mais marcantes. Ou seja, no “U” se tem sua “forma verdadeira” revelada.
Porém, com o surgimento de Dragão (Takeru Satoh), figura com visual de monstro, a comunidade digital decide caçá-lo por supostamente desafiar a ordem e a autoridade de uma equipe de heróis autoproclamados.
Elaboradamente atual
Na busca por Dragão, o filme toca na questão do anonimato digital, pois é impossível determinar o rosto por trás da criatura de ares assustadores, e qualquer pessoa, não importa gênero, idade ou classe social, pode ser acusada e/ou culpada. E isso leva a outra questão: a intolerância às diferenças. Afinal, sem entender as motivações de Dragão, a segurança decide torná-lo o inimigo público número 1. Algo que fica entre o cyberbullying e o cancelamento.
Verdade que dói
Embora o foco da narrativa esteja no desabrochar de Suzu como Belle, numa jornada que passa pela superação de traumas familiares e da timidez pelo menino por quem tem interesse amoroso, o título comove na investigação e revelação da identidade de Dragão, um retrato duro, cruel e real sobre as verdades que não são publicadas online. Assim, somando a beleza gráfica, músicas impactantes e o enredo tocante, Belle se faz um espetáculo de encher os olhos. Muitas vezes, de lágrimas.