Battle Angel Alita: mangá é prato cheio para fãs de cyberpunk

Carlos Bazela

Em fevereiro, Alita: Anjo de Combate estreou nos cinemas. Com a produção de James Cameron (Avatar) e a direção de Robert Rodriguez (Sin City: A Cidade do Pecado), o filme traz um elenco estelar, que tem nomes como Jennifer Connelly (Hulk), Christoph Waltz (Bastardos Inglórios) e Mahershala Ali (Green Book: O Guia), para contar a história da garota ciborgue Alita (Rosa Salazar, de Maze Runner: Prova de Fogo).

Assista ao trailer:

E de onde vem essa história de futuro cyberpunk? Do mangá Battle Angel Alita, escrito e desenhado por Yokito Kishiro e publicado pela Editora JBC, no Brasil, entre 2017 e 2018.

Na história, temos Alita, uma ciborgue encontrada no lixão por Daisuke Ido, o cientista dono de uma clínica na Cidade da Sucata. O nome do local não é à toa: É uma mega metrópole que parece à beira do colapso e resiste abaixo da cidade aérea de Zelem, que se sustenta por cabos e permanece alheia a tudo que acontece embaixo (ou quase). Ao tomar consciência, Alita se vê com as feições e o corpo de uma adolescente e completamente sem memória de quem é.

Pancadaria ciborgue

Junto com Alita, o leitor passa a conhecer o mundo no qual ela vive, onde a maioria dos cidadãos conta com partes mecânicas quando não o corpo inteiro. A menina então descobre que a Cidade da Sucata é uma terra quase sem lei, na qual se mata para roubar partes do corpo e que a ordem é mantida apenas por Guerreiros Caçadores – mercenários que caçam os malfeitores e trocam suas cabeças por tips (o dinheiro local), nas Factories, que são controladas diretamente por Zelem.

Na sequência, a personagem descobre que Ido também é um Guerreiro Caçador, que usa o dinheiro para manter a clínica médica funcionando. Aos poucos, Alita nota seu talento para a luta e, contra a vontade de Ido, também se torna uma caçadora.

Alita: Anjo de Combate apresenta trama elaborada, mas repleta de ação.

O que se vê a seguir é um festival de combates, que ganham expressão pela arte detalhista de Kishiro. Caprichoso nas cenas de ação, o autor não deixa de retratar um parafuso ou órgão humano voando dos corpos ciborgues. Seja nas caçadas de Alita contra oponentes como o assassino Makkaku e o caçador Zapan, ou nas lutas do coliseu da Cidade da Sucata. Inclusive, para deixar claro qual é o mote do título, os capítulos são divididos em “Fights”.

Contudo, entre tanta violência, vemos a heroína se desenvolver como pessoa, desde as generosas doses de humor negro destiladas por ela, até sua dinâmica com outros personagens além de Ido, como o garoto Yugo, um jovem coletor de sucata, cujo maior sonho é ir para Zelem.

Contar mais sobre eles dois ou mesmo da história a partir daqui é estragar a diversão. Mas já adianto que muito do primeiro volume é adaptado fielmente para o filme, ainda que traga elementos de toda a quadrilogia reorganizados.

Os demais volumes

Os volumes três e quatro de Battle Angel Alita ampliam bem os horizontes da história. Como se fosse uma antologia, vemos a personagem em ambientes diferentes, que vão desde uma rebelião contra um senhor da guerra no meio do deserto e até agente a serviço de Zelem. E, claro, novas revelações sobre o passado de Alita aparecem pelo caminho.

Trazer novos personagens e prolongar a história principal é comum nos mangás, mas pode quebrar o clima da história e dar uma bagunçada na leitura. Com Alita não é diferente, então o ideal é que o leitor tenha todos os volumes à mão para ler de uma vez, sem muitas interrupções.

Repare em todos os detalhes da arte de Yokito Kishiro.

Contudo, o mangá partilha do mesmo mal de outras obras mais longas do gênero: o final é corrido e os últimos capítulos podem pedir uma segunda leitura. É muita reviravolta e informação jogada aos olhos do leitor de uma vez. Mesmo assim, Battle Angel Alita está longe de ser ruim. Ainda que, no final, misture o clichê e o imprevisível ao ponto de quase virar uma bagunça, a obra é um prato cheio pra quem é curte o gênero cyberpunk e ação extrema desenhada a nanquim, uma vez que a arte é de impressionar.

Outra boa notícia é que, se você gostou da história, tem mais Alita chegando no papel. A JBC começou a publicar em fevereiro a sequência, batizada de Battle Angel Alita – Last Order, também escrita e ilustrada por Yokito Kishiro e completa em 12 volumes.

E lá vamos nós para mais uma aventura da carismática ciborgue de pavio curto!

Battle Angel Alita
Editora: JBC
Autor: Yukito Kishiro
Capa: cartonada
Lombada: quadrada
Papel: couché
Número de volumes: 4
Páginas: 440 em média
Formato: 20,4 x 13,4 cm
Lançamento:

1º volume – novembro /2017
2º volume – janeiro /2018
3º volume – março /2018
4º volume – junho /2018

Next Post

Lanço Celestino: novo projeto de Gabriel Jardim busca apoiadores no Catarse

O quadrinista e ilustrador paraibano Gabriel Jardim iniciou uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para viabilizar o lançamento de sua nova HQ: Lanço Celestino. Com capa dura e miolo de 177 páginas, em formato 25×17 cm, o quadrinho narra a história de Joalysson, um “uber” espacial do planeta Sertão, […]