A Jornada de Jin Wang adapta HQs de mitologia chinesa

A Jornada de Jin Wang

Os deuses estão em alta! Seja nas obras da Marvel, em franquias de jogos ou em séries de televisão, é inegável que deuses mitológicos ganharam bastante destaque nos últimos anos. Em 2023, inclusive, tivemos o lançamento de Shazam: Fúria dos Deuses, a conclusão de Ragnarok, da Netflix, e teremos os aguardados lançamentos de Percy Jackson e da 2ª temporada de Loki.

Porém, com tanto destaque para as mitologias nórdicas e gregas, que tal dar uma chance para a rica mitologia chinesa?

A Jornada de Jin Wang

“American Born Chinese” (traduzido para A Jornada de Jin Wang no Brasil) é uma série da Disney+ baseada na graphic novel de mesmo nome escrita pelo renomado autor Gene Luen Yang. A trama acompanha Jin Wang, um jovem sino-americano (de origem chinesa e americana) que se vê envolto em uma complexa batalha entre deuses e demônios chineses, que vivem em segredo nos dias atuais.

Percy Jackson “made in China”

Após conhecer Wei-Chen, o filho do Rei-Macaco, Jin Wang precisa balancear a vida de um adolescente no ensino médio com o papel de guia para auxiliar o novo amigo a desvendar uma profecia e salvar o mundo.

Com diversas divindades aparecendo em suas formas humanas, é fácil perceber a semelhança entre a saga Percy Jackson e os Olimpianos e Deuses Americanos, que apresentam premissas bem parecidas, mas com mitologias diferentes. Ainda assim, “A Jornada de Jin Wang” vai muito além de uma cópia qualquer, trazendo consigo a própria identidade que deixa toda a experiência mais atrativa e envolvente.

A Jornada de Jin Wang

Apresentando coreografias e efeitos visuais que lembram muito os antigos filmes chineses de artes marciais, a série sabe se apropriar das suas raízes e ressignificar o orçamento televisivo com a grandiosidade proposta da obra. Desta forma, nota-se que, enquanto tantas séries batalham para lidar com um orçamento abaixo das grandes produções de Hollywood, “A Jornada de Jin Wang” transforma tal dificuldade em um dos seus saltos mais altos.

Outro ponto positivo da série é a forma com a qual retrata sua mitologia. De forma dinâmica e criativa, “A Jornada de Jin Wang”  apresenta divindades, demônios e diversos outros seres da mitologia chinesa. É bastante didática para com o público leigo, ao mesmo tempo em que faz jus aos conhecimentos daqueles já familiarizados com tais figuras fantásticas.

Não se baseando apenas em cenas de luta – que se mantém cativantes desde o primeiro episódio – e da visão atual sobre a encantadora mitologia e cultura chinesa, a série consegue ir muito além.

Pauta importante

Dentre suas principais qualidades, “A Jornada de Jin Wang” traz uma abordagem importante sobre um assunto que, infelizmente, ainda se mantém atual: o preconceito contra a população asiática nos Estados Unidos. Engana-se quem acha que a discriminação contra chineses começou com a pandemia de 2020. Em 1871, o primeiro massacre contra asiáticos aconteceu na Chinatown de Los Angeles, onde 18 homens foram brutalmente assassinados. Desde então, tal discriminação não parou – pelo contrário, foi ampliada com a pandemia de covid-19.

A partir disso, debate esta questão de forma bastante eficiente e profunda, tocando nas feridas causadas por tantos anos de discriminação, retratando desde as ofensas mais evidentes, como as mais veladas. Se o espectador prestar um mínimo de atenção, talvez consiga entender as mensagens que a obra quer passar.

Elenco de cinema

Outro ponto positivo está em seu elenco. Enquanto os protagonistas não brilham mais do que o normal, alguns membros do elenco de apoio surpreendem. Os premiados Michelle Yeoh e Ke Huy Quan, atores principais de Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo (2022), por exemplo, interpretam personagens cruciais para a narrativa, agregando não só com seus nomes, mas com seu talento.

American Born Chinese

De forma muito bem trabalhada e usando suas adversidades como arma, “A Jornada de Jin Wang” consegue girar alto em pleno ar, apresentando um produto final não só fascinante, mas também relevante para os dias atuais. Passando a mensagem de que qualquer um pode ser herói – com ou sem super poderes –, talvez esteja na hora de vermos mais rostos chineses salvando o mundo.

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