Totto chan: um olhar da infância com ternura

Foto: Sato Company

Quase todo mundo tem aquela memória da infância, que é recordada com carinho e afeição. Um passeio com a mãe, um banho de piscina ou uma travessura com os amigos… Seja o que for, é saudade de um tempo marcado por uma inocência que não tem mais espaço em nós. E Totto-chan: A Menina na Janela, nova animação distribuída pela Sato Company, sabe ser um belo ode a essa época – mas sem deixar de lado as aflições de uma realidade de guerra.

Crianças, histórias e educação

O filme é uma biografia animada, inspirado no livro homônimo escrito pela própria Tetsuko Kuroyanagi –a protagonista. A obra retrata sua infância em um Japão marcado pela Segunda Guerra Mundial. Na trama, Totto é uma garota rejeitada em diversas escolas por ter uma personalidade mais curiosa e hiperativa, não seguindo as formalidades impostas e os trejeitos esperados. Mas tudo muda quando conhece uma escola diferente, que aceita todas as crianças e suas particularidades.

Totto-chan: A Menina na Janela explora uma educação inclusiva, onde o foco é plenamente na criança, e não nas vontades dos adultos. Neste processo, as estimula para que aprendam através do lúdico, das brincadeiras, das experiências – seja entre a natureza ou entre seus colegas. Reforça suas individualidades com a mensagem de que são especiais, e ressalta a importância de reconhecer suas qualidades. A partir disso, permite um aumento de autoestima e de confiança em si mesmas.

Bem, por mais que seja tentador refletir sobre a pedagogia no filme, Totto-chan: A Menina na Janela vai muito além disso.

Totto-chan: A Menina na Janela

Os personagens do filme são construídos com maestria, encantando o espectador. Seja pela inocência e fofura – no caso das crianças –, ou pela determinação e solidez no apoio aos pequenos – como no caso dos adultos. Isso se deve ao fato de que, em sua maioria, sejam recordações da diretora daqueles que marcaram sua infância.

E todo o filme passa exatamente esse sentimento: o de memória afetiva. O longa conta a história de Tetsuko, com um olhar cheio de saudade e ternura, e isso fica claro a cada minuto animado. Desde as cores que constroem o ambiente até os sorrisos contagiantes da protagonista, há carinho estampado na obra, e isso torna a experiência um tanto acolhedora.

Ao mesmo tempo, as dores de uma realidade de guerra não são algo que o tempo consegue simplesmente apagar, tal qual a história de Tetsuko não permite que aconteça. A fofura da obra entra em contraste com acontecimentos pesados, que mudam o tom da animação em determinados momentos. Porém, sem perder seus toques de otimismo. Desta forma, sabe equilibrar muito bem o tom inocente do filme, com a tragédia da realidade, tornando uma mensagem ainda mais profunda.

Totto-chan: A Menina na Janela, portanto, é uma belíssima animação que, muito além de apenas entreter, traz uma visão cheia de ternura – e duras realidades – para a infância. Através de um olhar carinhoso, conta uma história que nos faz refletir sobre as crianças ao nosso redor, e também sobre aquelas boas épocas que não voltam mais.

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