Alimentado pelo hype desde o final de 2021, O Telefone Preto (The Black Phone, EUA, 2022), do diretor Scott Derrickson (Doutor Estranho), finalmente chega às telonas brasileiras, entregando uma declaração de amor ao público de terror e suspense.
Estrelado pelo incrível Ethan Hawke (Cavaleiro da Lua), o longa explora totalmente a capacidade dos atores, uma vez que não há muitas cenas de ação e o ambiente claustrofóbico exige os mínimos detalhes de expressões faciais e corporais – ou, no caso do personagem de Hawke, as suas máscaras, que revelam seu humor em cada cena. Tudo ligado à uma excelente trilha sonora que cria uma alta tensão.
Com poucos cenários, poucos personagens e um filme curto, a adaptação do conto de Joe Hill (Locke & Key) foi feita com maestria. Sendo extremamente fiel ao escrito por Hill, o roteiro traz alguns incrementos – principalmente em seu início, para contextualizar toda a história. Esse começo pode ser um pouco lento, mas não tanto ao ponto de ser chato nem cansativo, porque já possui o clima de tensão pairando até mesmo além da situação principal.
Escuridão chamando
O jovem Finney (Manson Thames, de For All Mankind) é sequestrado por um assassino que vinha levando outras crianças da região e é preso em um porão com uma cama, um sanitário e um misterioso telefone preto fixado na parede – que segundo o sequestrador, não funciona desde que ele era criança. Mas o telefone toca e quem surge do outro lado são as vítimas anteriores, dispostas a ajudar Finney a escapar da situação, enquanto sua irmã Gwen (Madeleine McGraw, de Outcast) tenta encontrar o local do cativeiro.
A história se passa na década de 1970, então é fácil fazer uma referência nostálgica de alguns elementos com Stranger Things ou até mesmo com It: A Coisa, já que aqui também temos um palhaço, mas com balões pretos. Vale lembrar que Joe Hill é filho do mestre do terror, Stephen King, mas nada foi declarado sobre uma referência exata ao trabalho do pai.
Técnica do susto
Com cenas muito bem construídas, O Telefone Preto também conta com um excelente trabalho de fotografia, bem obscuro e focado, que leva o expectador a acompanhar o ritmo do filme, destacando os detalhes importantes de cada cena, como em um grande jogo de escape. Seja pelo ambiente claustrofóbico, pelos sons inquietantes, pela imprevisibilidade e falta de padrões ou até pela corrida contra o tempo, o longa conquista o expectador do início ao fim – quase sempre prendendo a respiração e com alguns jump scares.
Poucos pontos me incomodaram, como o choro um tanto forçado de Finney em determinada cena, mas nada que comprometa a maestria da obra que é digna de reconhecimento e elogios do fandom de terror.
Sem promessas de continuação nem cena pós-créditos, o título entrega uma adaptação fiel em uma história inquietante e recheada de elementos sobrenaturais e psicológicos. Muito objetivo, sem pontas soltas ou inúteis mistérios secundários.