“Afire” é o fogo da paixão que queima em tragédia

Mostra SP: “Afire” é o fogo da paixão que queima em tragédia

Quem nunca se apaixonou? Objeto de estudo desde a Grécia Antiga – quiçá além – a paixão é um sentimento forte, poderoso, que ameaça tomar conta de nosso ser. E não só entre uma pessoa e outra se faz este sentimento. Também é possível senti-la por um objeto, por um princípio, ou até mesmo por uma ideia.

De forma resumida, Aristóteles define a paixão (páthos) como aquilo que impulsiona o homem. Nossos desejos, anseios e vontades – entre outras palavras, nossas emoções.

Em Afire, filme alemão exibido pela 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, este sentimento é muito bem demonstrado – para o bem e para o mal. Ao mesmo tempo em que nos encanta com deleite, tal emoção também sabe queimar como fogo.

Entre amigos, desconhecidos e queimadas

Sobre o que se trata “Afire”? A trama acompanha Leon e Felix, dois amigos de longa data que decidem viajar para uma casa de praia com a intenção de focar em suas artes – enquanto Leon escreve um livro, Felix precisa acabar seu trabalho de fotografia.

Quando chegam ao local, descobrem que precisarão dividir a casa com Nadja, uma jovem que trabalha na cidade. Sua presença na casa, entretanto, é pouco notada. De fato, só é ressaltada durante a noite, quando os barulhos de seus atos sexuais com Devid acordam seus vizinhos de quarto.

A partir disso, os quatro se envolvem e criam uma amizade em meio ao cenário praieiro, temendo pela situação da floresta ao redor enquanto uma grande queimada se aproxima. Enquanto tais laços são reforçados com felicidade, luxúria e paixão, são abalados por ressentimentos, ciúmes e tensões.

O que queima mais que o fogo?

De forma contemplativa, o filme leva o público a acompanhar a visão de Leon, que se divide entre a urgência de terminar seu novo livro com a paixão fervorosa que surgiu por Nadja.

A paixão, entretanto, vai além de um mar de rosas. Dentre sentimentos que, em outra história, poderiam ser apenas nobres e primorosos, “Afire” demonstra com realismo outras emoções: ressentimento, ciúmes e raiva. Afinal, a raiva e o ódio são apenas mais uma forma de se expressar a paixão.

Na maioria do tempo irritante, Leon se vê com este sentimento – o qual nem ao menos percebe – e acaba descontando as emoções reprimidas nos companheiros ao redor, principalmente em Devid e Nadja.

Desta forma, o filme foge do básico e brilha ao trazer uma visão realista destas emoções vindouras da paixão.

Há arte sem tragédia?

Indo um pouco além da paixão, não é só sobre este sentimento que Afire se permite refletir.  O longa-metragem também usa do trabalho de Leon e dos estudos de Felix para discutir o seu segundo grande foco: a arte.

Em seu texto sublime, o título conversa sobre o que é arte e sua conexão tão profunda com os sentimentos. Ao acompanhar o processo de criação do portfólio de Felix, o público é convidado a refletir sobre como a arte consegue captar sentimentos, nuances e prazeres.

Ao mesmo tempo, a arte de Leon, ao longo do enredo, demonstra a paixão que queima dentro de seu peito nos mais diversos sentidos.

Veredito

Não sendo tão apressado quanto a maioria dos filmes de Hollywood, e não sendo tão lento como uma parcela significativa do catálogo alternativo, “Afire” apresenta uma trama tentadora o bastante para conquistar os espectadores de ambos os mundos.

Refletindo sobre paixão, arte e a entrelinha entre os dois, a produção cai de cabeça nas relações interpessoais que envolvem seus personagens principais, demonstrando que o fogo não é a única coisa que queima.

Fora da Mostra SP, a estreia acontece em 2 de novembro nos cinemas brasileiros.

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