Estamos acostumados a ver Johnny Blaze ou, mais recentemente, Robbie Reyes na pele do Ghost Rider. Neste caso, o nome em inglês se faz útil por abranger as variações de Motoqueiro e Motorista Fantasma. E, na publicação da linha Marvel Vintage, da Panini, intitulada Cavaleiro Fantasma: Trilha das Lágrimas, podemos ver uma outra versão do personagem, nos EUA dos anos 1800, no período da Guerra Civil Americana.
No conflito, a União batalhava contra os Confederados, isto é, separatistas sulistas que defendiam o sistema escravagista.
Os protagonistas
A história gira em torno de Travis Parham, que lutou na guerra pelos Confederados e, quando ferido, foi deixado para morrer.
No entanto, ele é encontrado por Caleb, um homem negro livre, que o leva para a casa que divide com sua mulher e filhos. Depois de prestar serviços à propriedade de Caleb como pagamento pelos cuidados, Travis parte para voltar somente após 2 anos – quando a guerra já terminou. Com isso, o que ele encontra são indivíduos brancos tomando conta do lugar.
O que houve com a família de Caleb? A trama escrita por Garth Ennis, de The Boys e Preacher, explica em detalhes que com certeza vão te causa revolta, nojo e pesadelos. Ou seja, é uma narrativa que mostra os horrores de um sistema racista.
Espírito de Vingança
É claro, os ideais dos supremacistas brancos são os principais vilões aqui. Porém, ao seu alcance, Parham consegue apenas procurar revanche contra os homens responsáveis pelos atos abomináveis. Dessa forma, ele percorre o coração dos EUA no rastro do bando de Reagan, malfeitor temido por onde passou.
Acontece que Parham não está sozinho, e isso é a melhor parte da saga. Afinal, junto a ele está um Cavaleiro misterioso, que vigia e pune os bandidos. Na prática, um Ghost Rider adaptado à época em que a aventura se passa, sendo inclusive associado às religiões africanas. Aqui, o anti-herói desconhecido funciona como afirmação da necessidade de um Espírito de Vingança para cuidar dos vivos.
Arte para adultos
O tema e as violências expostas em Cavaleiro Fantasma: Trilha das Lágrimas tornam a história uma leitura para adultos. A maturidade disso é ainda mais acentuada pelas ilustrações de Clayton Crain, que detalha expressões faciais para ressaltar emoções e diminui os movimentos dos quadros para acentuar a importância dos diálogos.
Por fim, o conto saiu em edição capa dura, contendo suas seis partes em 144 páginas.
*Recebemos esta HQ da Panini Comics